‘Eles matam e ainda mentem’, diz pai de jovem morto pela PM
Parentes de Rafael Souza, de 23 anos, baleado em ação da PM na zona leste de São Paulo, prestam depoimento no DHPP, que investiga o caso
São Paulo|Kaique Dalapola, do R7
Familiares e um amigo do jovem Rafael Aparecido Almeida de Souza, 23 anos, prestam depoimento na tarde desta terça-feira (7), no DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, para relatar o que aconteceu no início da madrugada do último domingo, durante uma abordagem policial na Rua das Capitanias, no Jardim Nove de Julho, zona leste de São Paulo, que terminou com o rapaz morto por um tiro da PM.
“Eles matam e ainda mentem. Querem falar que meu filho estava brigando com eles. É mentira, meu filho estava longe quando eles atiraram”, diz o jardineiro Wagner Aparecido de Souza, 45 anos, pai da vítima.
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Wagner ficou sabendo que o filho foi baleado pouco depois, com a sobrinha gritando, avisando que “a polícia atirou no Rafael”. O jovem havia acabado de levar um tiro da arma do soldado da PM Charles Henrique Godoi Pereira, da 2ª companhia do 38º Batalhão.
Na rua onde o jovem morava com mais dois irmãos e os pais, o estudante Jonathan Gabriel Oliveira Fernandes, 19 anos, tentava manter o amigo vivo. “Ele falou ‘ai’ e não teve mais reação nenhuma”. Rafael foi levado por familiares ao hospital, mas não resistiu.
De acordo com tio do jovem, o metalúrgico Samuel Carvalho dos Santos, 36 anos, a ação policial no local começou com dois PMs abordando o irmão caçula de Rafael, na rua da casa onde moram.
Samuel e o outro irmão da vítima, o vendedor Bruno Aparecido Almeida Souza, 26 anos, se aproximaram dos policiais e perguntaram se precisavam do documento do rapaz que estavam sendo abordado. “O policial disse que não que já estavam liberando”, diz Samuel.
O irmão e o tio, então, se afastaram. Pouco depois, distante da abordagem, Rafael teria chamado os rapazes para voltar. “Ele estava com os braços cruzados e só disse ‘vem para cá’, para o nosso irmão vir embora, e o policial atirou”, afirma Bruno.
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De acordo com as pessoas que testemunharam a ação, no momento do disparo, Rafael e o soldado Godoi estavam distantes mais de 30 metros. Na versão dos PMs (Godoi e seu parceiro, soldado Bruno Costa Siciliano), Rafael tentou tomar a arma do policial e o disparo aconteceu acidentalmente.
Depois que o jovem foi baleado, amigos e familiares da vítima impediram a aproximação dos PMs. “A gente não sabe se eles iriam querer colocar alguma arma ou fazer mais alguma coisa com o Rafael”, afirma o pai do jovem.
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Segundo as testemunhas, os policiais militares, então, foram embora da região e não voltaram mais. Pouco depois, chegou reforço policiais, com outros PMs, para nova ação na região. Rafael já estava morto.
O jovem, que já trabalhou de metalúrgico e entregador em um supermercado estava a procura de um novo emprego. Ele morava com os pais e estava em um relacionamento sério com uma garota que mora a cerca de um km de sua casa. Ele deixa o filho Lorenzo, de dois meses.
Questionada, a SSP-SP afirmou que "todas as circunstâncias referentes a ação policial são apuradas por meio Inquérito Policial Militar - IPM. A ocorrência também é investigada pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa por meio de inquérito policial".
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