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Elize Matsunaga arquitetou morte do marido com “paciência” e “requinte”, afirma promotor

José Carlos Cosenzo diz que sua convicção sobre motivação do crime permanece inalterada

São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7

Para o Ministério Público, Elize matou o marido Marcos por dinheiro
Para o Ministério Público, Elize matou o marido Marcos por dinheiro

Quase um ano após denunciar Elize Matsunaga pela assassinato do marido — ocorrido exatamente um mês antes, no dia 19 de maio de 2012 —, o promotor José Carlos Cosenzo garante que suas convicções sobre a motivação do crime permanecem inalteradas. Em entrevista ao R7, ele afirma ter reunido provas de que a ré planejou a morte do executivo da Yoki Marcos Matsunaga com "muita paciência" e “requinte”.

— Não mudou uma linha daquilo que eu propus para ser provado. Rigorosamente, aquilo que eu disse se mantém. Eu consegui a prova de que ela sabia que tinha apólice [de seguro], consegui toda prova no sentido de que tudo foi planejado com muita paciência, com muitos detalhes, com muito requinte.

Para o Ministério Público, Elize matou Marcos por dinheiro. Na interpretação da promotoria, o crime teria sido premeditado desde o momento em que a mulher contratou um detetive para flagrar o marido com a amante. A acusada responde por homicídio doloso triplamente qualificado [motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima], além de ocultação de cadáver, já que desovou as partes do corpo na Estrada do Pires, em Cotia, na Grande São Paulo.

— Primeiro, ela sabia que estava sendo traída e contratou uma pessoa para comprovar isso. Neste período, contratou uma advogada para dar esse álibi, de que estava se separando. O mais importante, durante todo esse tempo, ela nunca quis visitar a mãe e a avó. Nunca! As duas não conheciam a menina [filha do casal]. Elize saiu três dias antes [do crime], contratou um detetive para seguir Marcos, colocou uma empregada para monitorar os passos do marido, ou seja, ela planejou tudo. Quando voltou, uma das primeiras coisas que fez foi pegar a filmagem [com a traição] para mostrar para a família [da vítima]. Depois do fato, ela mandou e-mail [se passando pela vítima], depositou dinheiro na conta de Marcos.


Cosenzo considera que as provas reunidas no processo, que já tem 13 volumes e cerca de 2.500 páginas, “fulminaram” tudo que a ré afirmou.

— A grande vantagem desse processo é que não houve apenas um depoimento determinante. Foi o conjunto da obra, que é fantástico. Tudo aquilo que ela [Elize] falou foi fulminado.


Exumação

Na avaliação do promotor, o laudo da exumação, divulgado recentemente, é “absolutamente inconclusivo”. Um dos pontos destacados pelo médico-legista foi que Marcos Matsunaga perdeu a consciência após levar o tiro na cabeça. Com base nesta informação, a defesa da acusada quer que seja derrubado a qualificadora crueldade. Para Cosenzo, isso é um “erro primário”.


— A sustentação da defesa é de que não houve o meio cruel porque a pessoa não sofreu. Aquele tiro possivelmente levou ele [Matsunaga] à inconsciência. Só que eles não podem dizer por quanto tempo Marcos ficou inconsciente. Então, estão entendendo que se ele estava inconsciente, não sentiu dor. Se ele não sentia dor, o meio não foi cruel. Mas aí é que está o erro primário. A minha colocação, a denúncia não é por ele ter sofrido. Eu digo é que ele morreu por asfixia. E ela é provada pela grande quantidade de sangue nos pulmões. Se aquela quantidade de sangue chegou aos pulmões é porque ele ainda estava respirando [quando foi degolado].

De acordo com o laudo necroscópico, o empresário morreu em decorrência de traumatismo craniano provocado pelo tiro, associado à asfixia, por ter aspirado sangue durante a decapitação.

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Distância do tiro

Sobre a distância com que Elize atirou na vítima, apontada pelo laudo da exumação — segundo o documento, seria certamente “maior do que 40 centímetros” —, o representante do Ministério Público argumenta que somente um perito do Instituto de Criminalística, e não um médico-legista, pode determinar a quantos centímetros ou metros foi realizado o disparo. Para estabelecer isso, seriam ainda necessários, conforme o promotor, a arma e a munição usadas no crime.

— É absurdo porque o médico legista não tem condições de falar isso. O legista não pode falar em centímetros, metros, porque quem faz isso é o perito do Instituto de Criminalística. Só pode fazer isso tendo a arma e a munição. Essa perícia não pode ser feita, porque ela [ré] escondeu o cano da arma.

Na análise de Cosenzo, o resultado da exumação não coloca em xeque o laudo necroscópico. Ele lembra ainda que os dois documentos serão apresentados no julgamento.

— Em medicina legal e em direito processual, você afasta o laudo se ele for absolutamente incoerente ou contrário àquilo que você verifica. Não é o caso. Eles apresentaram dois pontos [na exumação] que não são divergentes. Eles são de interpretação diferente do laudo necroscópico. Mas você leva em conta que um foi feito alguns dias após a morte e o outro, quase um ano depois. Isso modifica muito a situação. Quando você tem dúvida entre dois laudos, o que define é o primeiro, que é feito por um perito oficial. Se aquilo que ele disse não foi afastado, aquele laudo tem plena validade.

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