Em 2018, São Paulo registou 32 casos de estupros por dia
Aumento foi de 7,76% em relação a 2017. Crimes cometidos contra pessoas vulneráveis tiveram uma alta ainda maior, de 14,3%
São Paulo|Márcio Neves, do R7 com Estadão Conteúdo
Segundo dados divulgados pela SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo) nesta quinta-feira (24), o número de casos de estupro cresceu em todo o estado em 2018. Foram 11.950 boletins de ocorrência registrados, o equivalente a 32 casos por dia, uma alta de 7,76% em relação ao ano de 2017. Esse é o maior indíce desde 2013.
Leia mais: Estupro em SP cresce pelo 6º mês consecutivo e é o maior em 5 anos
Os dados mostram também que houve uma queda no número de homicídios dolosos. Em 2018, foram 2.949 casos registrados, com 3.105 vítimas — o menor patamar desde 2001, quando crimes dessa natureza somaram 12.475 casos. De acordo com a SSP, a taxa de homicídios em São Paulo está em 6,7 casos por 100 mil habitantes.
Pessoas vulneráveis
Os crimes cometidos contra pessoas consideradas vulneráveis tiveram a alta ainda mais acentuada, cerca de 14,3%, com 8,6 mil casos. Só na capital paulista, enquanto o número de denúncias de estupro cresceu 1,7%, os registros de estupro contra vulneráveis cresceu 10,6%.
Em 2013, houve 12 mil registros, mas esse índice caiu nos dois anos seguintes. No entanto, desde 2016, as autoridades policiais apontam que esse tipo de crime está em ascendência.
Leia também: Crimes hediondos praticados por jovens são 2% do total, diz MP-SP
Além do crime de estupro, outro indicador criminal também teve alta: lesão corporal seguida de morte. Os casos passaram de 49 para 80, um aumento de 63%. Na capital essa alta foi de três para 14 casos.
São Paulo registrou 553 furtos por dia, somando 201,8 mil casos — uma alta de 4,22% em relação a 2017. Já no Estado, os furtos tiveram queda de 2%, com 504 mil casos.
Armas
A SSP-SP mostrou também que a metodologia da pasta difere da que foi utilizada pelo governo federal, em decreto, para embasar a liberação da posse de arma de fogo.
Bolsonaro usou o Atlas da Violência, que mostra São Paulo, em 2016, com uma taxa superior a 10 por 100 mil habitantes. Isso porque essa taxa leva em consideração outros crimes como latrocínio, lesão corporal seguida de morte, além de mortes decorrentes de oposição à intervenção policial.
Letalidade policial tem queda após ano recorde
Após matar, ao longo de 2017, 940 pessoas supostamente ligadas a crimes — patamar recorde da série histórica — as polícias de São Paulo reduziram a letalidade da suas ações em 2018.
No ano passado, foram 851 mortes, queda de 9,4%. A maior parte das mortes aconteceram com envolvimento de policiais militares (96% dos casos), sendo que prioritariamente esses agentes estavam em serviço (75%).
Delegacias da Mulher
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse na semana passada que abrirá três novas Delegacias da Mulher (DDMs) até o fim de fevereiro. Segundo o tucano, todas elas funcionarão 24 horas. O anúncio ocorreu dias depois de o próprio governador ter vetado um projeto de lei que propunha o funcionamento de todas as Delegacias da Mulher de forma ininterrupta.
Na ocasião, o governo justificou a ação afirmando que o projeto, apresentado pela Assembleia Legislativa, que previa a abertura por 24 horas de todas as delegacias da mulher, era inconstitucional porque "implicava em geração de despesas" e legislava sobre algo de competência do poder executivo.