Em lan house, atirador era quieto, usava preto e colar com suástica
Último computador utilizado por jovem, de número nove, foi levado pela polícia para ajudar nas investigações do massacre, em escola Raul Brasil
São Paulo|Fabíola Perez, do R7
A menos de dois quilômetros de distância da escola estadual Professor Raul Brasil, está localizada a lan house onde o atirador Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, costumava frequentar. O último computador utilizado pro jovem, de número nove, foi levado pela polícia para ajudar nas investigações.
O último acesso de Guilherme no estabelecimento ocorreu na quinta-feira (7), menos de uma semana do massacre que ele e o amigo Luiz Henrique de Castro, 25 anos, planejaram na escola. "Ele normalmente usava o computador para ficar na internet ou para jogar videogame", diz Eduardo Oda, proprietário do estabelecimento. Segundo ele, Guilherme costumava ficar no espaço cerca de uma hora, duas vezes por semana.
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"Ele costumava jogar jogos de tiros, como Call of Duty e Counter Strike", diz o proprietário. Em geral, são jogos muito procurados por adolescentes. "Guilherme era muito calado, quieto, só conversava com o pessoalzinho que vinha com ele." Ele costumava chegar acompanhado de Luiz Henrique e de uma terceira pessoa que o proprietário soube dizer quem era.
Na quarta-feira (13), logo após o ataque na escola, a polícia chegou a lan house para para buscar o computador utilizado por Guilherme. "Eles perguntaram se ele costumava vir aqui e levaram a CPU para a delegacia", diz Oda, que nesta segunda-feira a tarde deve buscar o equipamento.
Como Guilherme tinha uma personalidade fechada, Oda conta que nunca notou nenhum comportamento diferente o garoto. Uma funcionária da loja, porém, reparou em um colar da suástica, um dos símbolos do nazismo. Além disso, Oda conta que Guilherme estava sempre vestido de preto.
"Não é uma situação comum, é um ato de terrorismo", diz ele ainda chocado com o ataque. Guilherme era visto pelos funcionário da lan house no período da tarde. Em poucas vezes, chegou a ir na loja durante a noite. Oda se recorda de apenas uma vez tê-lo visto a noite. "Ele vinha menos do que a media para jogar e aparentava ser calmo."
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Preocupação
O custo para usar os computadores é de R$ 2 por hora. Segundo Oda, os computadores permitem acessar o conteúdo da chamada "deep Web", onde estavam localizados o fórum de incitação ao ódio por onde Guilherme e Luiz Henrique se organizaram. "Tenho programas para bloquear, mas são programas gratuitos que facilmente eles podem ser driblados pelos jovens", disse.
O proprietário da loja disse que, após o massacre, está preocupado com a possibilidade de outros jovens acessarem sites como esses.
Oda disse também que após os ataques, não se falou muito sobre Guilherme e Luiz Henrique na loja. "Ninguém gosta de ficar abrindo a boca. Às vezes um é amigo do outro", diz. "Me falaram que o tio dele era violento e outra pessoa começou a discutir, não quis me meter." Segundo ele, os policiais pediram imagens de câmeras de segurança, mas o equipamento não está funcionando.
Menos de uma semana do atentado, Oda comenta o caso com cautela e sem muitas palavras. "Fiquei surpreso, indignado, muitos sentimento, fico me questionando até hoje. Tive até pesadelos com isso."