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Em meio à crise hídrica, solicitação para abrir novos poços artesianos cresce 20% neste ano

Poço custa, em média, R$ 50 mil e pode demorar até quatro meses para ficar pronto

São Paulo|Caroline Apple, do R7

Dono de estacionamento usa poço artesiano como publicidade para atrair clientes em meio à crise hídrica
Dono de estacionamento usa poço artesiano como publicidade para atrair clientes em meio à crise hídrica Dono de estacionamento usa poço artesiano como publicidade para atrair clientes em meio à crise hídrica

Entre janeiro e setembro deste ano, o número de direito de uso expedidos para a perfuração de poços artesianos no Estado aumentou em 20% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica). São 788 novas outorgas, contra 659 em 2013.

No entanto, quem pretende abrir um poço artesiano como alternativa para a falta de água em São Paulo terá que desembolsar cerca de R$ 50 mil e aguardar até quatro meses para que ele fique pronto, de acordo com levantamento feito pelo R7. No caso de condomínios, o valor para abrir o poço pode chegar a R$ 150 mil.

Para a realização da obra, é recomendado contratar uma empresa especializada que será a responsável por solicitar o parecer técnico da Cetesb (Companhia Ambiental de São Paulo), fazer a perfuração na área indicada, enviar a água do poço para um laboratório constatar a potabilidade, medir o volume de água disponível e, posteriormente, realizar as manutenções necessárias.

Riscos

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De acordo com o Governo do Estado de São Paulo, os novos poços artesianos abertos no Estado estão isentos da taxa de esgoto (único imposto pago pelo dono da reserva de água) até o fim da crise hídrica.

Porém, o incentivo pode parecer pequeno perto de alguns riscos que só podem ser percebidos após a perfuração do poço. Entre esses elementos surpresas, estão a contaminação e o tipo de água encontrada e a falta de verba para a manutenção preventiva, que envolve limpeza e desinfecção do poço. O valor do serviço, que deve ser feito a cada dois anos, custa, em média, R$ 6.000.

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O técnico em poços artesianos, Edio Wilson Daleffe, do departamento técnico da empresa Artesiana, que atua há 40 anos no mercado, afirma que a amostra de água só poderá ser enviada para análise após a perfuração, por isso, o pagamento do poço tem que ser feito, independente da qualidade da água encontrada.

— Fazemos um mapeamento do entorno do local onde será perfurado o poço e enviamos para a Cetesb. A companhia dá o parecer técnico de acordo com a análise do raio de 500 metros. Caso o local seja considerado de risco, será necessário pagar uma taxa extra para a emissão de um parecer mais detalhado.

Daleffe afirma que, mesmo que haja algum tipo de problema na água, existem alternativas para contornar a situação.

— Há tratamentos que podem ser feito em alguns casos, mas, mesmo que raros, existem situações em que a água não pode ser usada. 

O volume de água disponível também entra na lista das surpresas desagradáveis que só são constatadas após a perfuração. Daleffe explica que é feito um teste para medir o volume de água, porém há ressalvas.

— Água muito alcalina e a falta de manutenção preventiva podem reduzir a vida útil do poço, que dura, em média, 30 anos ou mais.

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O geólogo Daniel Luis Daleffe alerta para a importância da contratação de uma empresa idônea e consolidada para garantir o melhor o aproveitamento do poço.

— Uma avaliação minuciosa feita por um profissional competente garante um projeto de perfuração de qualidade, que pode ajudar a prolongar a vida do poço.

Oportunidade em meio à crise

José Augusto Ferreira, de 60 anos, é dono de um lava rápido na avenida Brigadeiro Luiz Antônio, na Bela Vista, região central. Ferreira notou que, após a crise da água, o movimento caiu e, por isso, decidiu usar como publicidade o poço artesiano que tem no local há quase 25 anos.

— Depois que coloquei a faixa avisando que não usamos água da Sabesp, o movimento melhorou. Fiquei surpreso com a conscientização do paulistano.

Ferreira conta que paga apenas a taxa de esgoto, que corresponde a um valor determinado pela prefeitura, que, na época, analisou a média de gasto de água em cada carro lavado.

— A ideia agora é reaproveitar a água já usada, mas é difícil, é um material muito gorduroso, mas daremos um jeito. Assim, o poço será menos usado.

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