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Idec vai acionar MP e Procon contra Sabesp

Instituto quer que companhia seja obrigada a divulgar mapa da diminuição de pressão da água

São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7

Na Penha, zona leste, moradora cria engenhoca para captar água da chuva
Na Penha, zona leste, moradora cria engenhoca para captar água da chuva Na Penha, zona leste, moradora cria engenhoca para captar água da chuva

O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) vai acionar o Ministério Público e o Procon de São Paulo contra a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). A concessionária não apresentou o mapa da diminuição de pressão noturna da água, solicitado pelo instituto. Agindo desta forma, a companhia fere a Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011), que regulamenta o direito de acesso a dados públicos. A diminuição da pressão tem sido realizada pela concessionária para tentar contornar a maior crise hídrica dos últimos 84 anos no Estado.

A Sabesp é uma empresa de economia mista, de capital aberto, que tem como principal acionista o governo de São Paulo. Ela atua em 366 dos 645 municípios paulistas. O mapa foi requisitado em 8 de setembro e a resposta teria que ser apresentada, incialmente, no dia 27 do mesmo mês, mas o Sistema de Informações ao Cidadão do Governo do Estado de São Paulo enviou comunicado ao Idec, relatando que o prazo seria prorrogado por mais dez dias, o que é permitido pela legislação. A companhia teria até o dia 7 de outubro para se posicionar, o que não aconteceu.

Em entrevista ao R7, o gerente técnico do Idec, Carlos Thadeu de Oliveira, explica a razão de o instituto ter requisitado mapa.

— Até onde posso enxergar, tecnicamente, não é uma coisa difícil [fornecer o documento]. O que podemos supor é que existe outra razão, que não é técnica, para não abrir esse tipo de informação. A partir de um determinado momento, passa a ser ilegal não prestar a informação. A lei obriga que dados não sigilosos sejam divulgados [...] O que pedimos foi exatamente que a Sabesp nos passasse os pontos críticos onde há redução de pressão noturna, cuja atitude acaba por trazer como consequência eventual a falta de água. 

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Na avaliação dele, a situação deve ser tratada com mais transparência.

— Até agora, está havendo uma discussão mais ampla, tanto no Ministério Público Federal quanto no estadual, sobre as origens da crise [hídrica], a falta de investimento. Tudo isso é superimportante e precisa ser feito, mas não estamos vendo nenhuma ação no que diz respeito à coisa mais imediata, que é disso que estamos falando: da informação de onde vai faltar água. É isso que nos interessa. Não queremos saber do detalhe técnico. Queremos saber onde não haverá água.

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O Idec pedirá que o Ministério Público obrigue a Sabesp a divulgar o mapa e, caso necessário, que a promotoria entre com uma ação judicial para garantir o cumprimento da lei. Solicitará ainda que o Procon exija da concessionária a informação, com base no Código de Defesa do Consumidor.

Agravante

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Carlos Thadeu de Oliveira enfatiza que o fato de se tratar de um serviço essencial e de um monopólio torna a obrigação no sentido de informar ainda mais forte. Ele acrescenta que não admitir oficialmente o racionamento impede que medidas para punir desperdício de água sejam aplicadas.

— Isso está prejudicando o plano de economia. Até mesmo se o governo quiser tomar medidas para contenção, como multas, ele precisa reconhecer o estado de racionamento, a Lei de Saneamento Básico assim pede. Ela exige que, para qualquer medida de contenção, contingenciamento, é necessário declarar o estado de racionamento. Se eles não reconhecerem, não podem nem aplicar multa. Vamos dizer que não chova o suficiente, daqui a algum tempo, eles terão que, por exemplo, multar quem lava o carro, a calçada. 

O gerente técnico destaca também que o instituto não é contra o uso racional da água e da adoção de medidas de contenção.

— O que temos pedido é que isso seja feito com respeito à lei e às regras democráticas. Não pode ser feito sem clareza, sem informação.

"Está tentando defender o indefensável", diz presidente de CPI

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Embora a concessionária estadual negue o racionamento, na prática, as reclamações sobre o corte no fornecimento da água são frequentes. Em reportagem publicada há uma semana, o R7 mostrou que moradores de bairros das zonas leste, norte, sul e oeste da cidade de São Paulo afirmam ser rotineira a suspensão no fornecimento de água. Nesta terça-feira (14), o volume do Sistema Cantareira chegou a 4,5% da capacidade, atingindo o nível mais baixo da história. As represas do sistema são responsáveis pelo abastecimento de quase metade da região metropolitana de São Paulo. 

CPI 

Na última quarta-feira (8), a presidente da Sabesp, Dilma Pena, começou a ser ouvida na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) criada para investigar contratos firmados entre a Prefeitura de São Paulo e a concessionária. Ela assumiu que há falta de água em algumas regiões de São Paulo, mas negou racionamento no Estado. De acordo com Dilma, o que existe é uma "falta de água pontual em áreas muito altas, em áreas muito longe do reservatório e também em residências que moram muitas pessoas e que têm reservação muito pequena".

Na próxima quarta-feira (15), a presidente da Sabesp continuará a depor na CPI instaurada na Câmara Municipal. 

MP quer tirar da Sabesp poder de decisão sobre uso da água do Cantareira

Para falar sobre a iniciativa do Idec e explicar a razão de não ter fornecido o mapa da diminuição de pressão noturna da água, o R7 procurou a assessoria de comunicação da Sabesp, que ainda não se posicionou.

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