Em reunião, governo é cobrado por Paraisópolis e protocolos da PM
Outro tema debatido entre moradores, associações e representantes do Estado foi a comissão externa prometida por João Doria em dezembro
São Paulo|Guilherme Padin, do R7
Uma reunião na tarde esta quinta-feira (6), na sede do MP-SP (Ministério Público de São Paulo), foi palco de debates e cobranças ao governo do Estado em relação às investigações sobre as mortes de nove jovens em 1º de dezembro, na favela de Paraisópolis após ação policial.
Além disso, como relatou Dmitri Sales, presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), outra frente das discussões foi a exigência pela revisão e divulgação dos protocolos de ação da Polícia Militar, medida anunciada pelo governador João Doria após o massacre na zona sul paulistana. Sales apontou três demandas em relação ao tema: quais são os protocolos, como agir quando os policiais o descumprem e a responsabilização a quem o descumpriu.
Irmão de Denys Henrique, uma das vítimas de Paraisópolis, Danylo Amílcar endossou o presidente do Condepe sobre a revisão dos protocolos da corporação: “O governador se comprometeu que os protocolos sejam revisados. Quem está revendo? Como estão revendo? Por que isso não está sendo publicado?”, questionou o jovem. Irmã de Dennys Guilherme, outra vítima, Fernanda Garcia também julgou importante que todos tenham ciência sobre os procedimentos da polícia.
O evento, que ocorreu na sede do MP-SP e contou com familiares das vítimas, procurador-geral da Justiça, o corregedor da PM, coronel Marcelino Fernandes, e representantes da Defensoria Pública e de associações de direitos humanos, tinha como foco de debate o caso de Paraisópolis. Nele, segundo os presentes, nenhum detalhe sobre as investigações foi divulgado.
Na avaliação de Danylo, a apuração está caminhando — e precisa avançar mais. “Que os responsáveis tenham seus rostos revelados. O nome do meu irmão, dos nove mortos, já estão estampados nos jornais. Queremos que os responsáveis também tenham essa publicidade”, disse o jovem.
Comissão externa também foi debate
Na semana seguinte ao massacre, João Doria anunciou a criação de uma comissão externa para receber os familiares das vítimas e acompanhar o caso.
No entanto, Dmitri Sales e Igor Alexander, um dos líder comunitários de Paraisópolis, afirmaram após a reunião que a promessa não foi cumprida pelo gestor.
“O governador assumiu esse compromisso, mas a comissão foi [posteriormente] negada por ele. O Condepe criou sua comissão, mas uma externa e chancelada pelo governador não houve. [A promessa] não se efetivou”, disse Sales.
Outro lado
A respeito dos temas postos em debate na tarde desta quinta-feira (6), a reportagem do R7 pediu posicionamentos ao governo do Estado de São Paulo, que, em resposta, afirmou que a reunião foi a prova da transparência com que o assunto está sendo tratado, e que eventos como o desta quinta-feira serão periódicos para assegurar a divulgação e transparência a todos os envolvidos. Além disso, pontuou que “a proposta de criação de comissão para conhecimento e estudo dos protocolos de atuação da Polícia Militar será levada às instâncias competentes”.