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Estado de SP tem 6 entre as 10 cidades com os melhores indicadores de saneamento do país

Segundo o Trata Brasil, Santos lidera ranking. Mas problemas como o volume de esgoto sem tratamento em Guarulhos atrapalham

São Paulo|Joyce Ribeiro, do R7

Estado de SP tem 6 entre as 10 cidades com os melhores indicadores de saneamento do país
Estado de SP tem 6 entre as 10 cidades com os melhores indicadores de saneamento do país Estado de SP tem 6 entre as 10 cidades com os melhores indicadores de saneamento do país

O estado de São Paulo tem oito das 20 cidades do país com os melhores indicadores de saneamento, de acordo com o ranking do Instituto Trata Brasil. Santos, no litoral sul, lidera o levantamento nacional pelo segundo ano consecutivo. Entre os municípios paulistas mais bem colocados estão Santos, São Paulo, Franca, Limeira, Piracicaba, São José do Rio Preto, Suzano e Taubaté.

"São Paulo tem 6 entre as 10 cidades no topo do ranking, o que é muito positivo para o estado como um todo. Nas 20 melhores cidades, o investimento é de R$ 135 por habitante ao ano", explica Luana Siewert Pretto, presidente-executiva do Trata Brasil. "Já nas 20 piores, o investimento é de R$ 48 por habitante por ano. Isso demonstra por que algumas cidades continuam no topo: alta cobertura de esgoto, redução de perdas, obras e ampliação dos serviços. Saneamento básico demanda investimento."

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No ranking das 20 piores cidades, não aparece nenhuma de São Paulo desta vez. Mas Guarulhos, na região metropolitana, já figurou na lista nos últimos oito anos, e os problemas ainda são sérios.

"Guarulhos é o segundo maior município do estado e tem apenas 5,94% do esgoto coletado tratado. É uma grande cidade e com um alto volume de esgoto lançado sem tratamento. É preocupante porque o índice é muito baixo. Mas há outras cidades no país que também não evoluíram, por isso ela não está agora entre as 20 piores", revela Luana Siewert.

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Outro município que tem um grande desafio para a universalização no estado é Bauru, no interior de São Paulo. Lá, hoje apenas 3,89% do esgoto é coletado e tratado.

O levantamento leva em conta indicadores como investimentos, população, coleta de esgoto, tratamento do esgoto e índices de perda de água na distribuição.

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Enquanto 99% da população das 20 melhores cidades do país conta com rede de água potável, 82,52% dos moradores dos 20 piores municípios não têm acesso ao serviço.

Em muitas regiões, o esgoto é lançado na rede sem nenhum tipo de tratamento
Em muitas regiões, o esgoto é lançado na rede sem nenhum tipo de tratamento Em muitas regiões, o esgoto é lançado na rede sem nenhum tipo de tratamento

Com relação à coleta de esgoto, a situação é ainda pior no comparativo: 95,52% da população dos 20 melhores municípios conta com o serviço, mas apenas 31,78% dos moradores nos 20 piores municípios têm o esgoto coletado.

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Piracicaba e Jundiaí, ambas no interior paulista, têm 100% do esgoto coletado. Nessas cidades, o indicador de volume de esgoto tratado sobre a água consumida atingiu a totalidade dos moradores.

São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, tem o melhor indicador de água potável no estado, com 100% da população com acesso ao recurso. Santos também tem o menor índice de perda de água durante a distribuição aos moradores: 14%. Só perde para Nova Iguaçu (RJ), que tem 6,05%, e logo atrás está Limeira, com 18,88%.

"Santos tem 100% de água tratada, 97% do esgoto produzido tratado, baixo percentual de perdas e faz investimentos. Os serviços estão praticamente universalizados. A cidade de São Paulo cresceu bastante, estava em oitavo lugar e agora está em quarto no ranking. Isso por causa da alta no volume de esgoto tratado, que passou de 64% em 2018 para 74% hoje. Um aumento de 10 pontos percentuais, com impacto positivo no meio ambiente e nos rios", detalha a presidente-executiva do Trata Brasil.

Investimentos

O ranking do saneamento, feito em parceria com a GO Associados, fez uma análise dos indicadores do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento) de 2020, publicados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional.

O relatório adotou como critério a média dos investimentos sobre a arrecadação dos últimos cinco anos, não apenas os realizados pelos prestadores, mas também os feitos pelo poder público. 

O indicador médio dos municípios equivale a 19,79% da arrecadação em 2020, valor menor que o de 2019 (20,96%). A cidade com o maior percentual de investimentos no período foi Santo André, no ABC Paulista, com 101,07%. No entanto, Mauá, também no ABC, está entre os piores indicadores, com apenas 4,2% de investimentos em saneamento. 

Marco legal

O saneamento é responsabilidade dos municípios. O Marco Legal do Saneamento é uma lei que precisa ser respeitada no país, mas nem todos os gestores estão preocupados com isso. Enquanto cidades do Paraná, São Paulo e Minas Gerais ocupam as primeiras posições do ranking, os piores resultados estão concentrados no norte e nordeste do Brasil. 

Esgoto não tratado polui rios
Esgoto não tratado polui rios Esgoto não tratado polui rios

"No norte do Brasil nunca se priorizou o saneamento básico, com baixo volume de investimentos. Tem regiões onde já existem projetos de regionalização ou comprovação econômico-financeira e outras que não se mobilizaram ainda. São realidades muito distintas no país. Defendemos uma punição mais clara para que os governantes levem a sério e tragam benefícios à população", cobra Luana Siewert Pretto.

A legislação prevê que os municípios que não se adequarem não terão acesso a recursos do governo federal.

Outro problema é que os municípios estão inseridos em bacias geográficas, e o esgoto sem tratamento é jogado em rios que cortam outras cidades, como é o caso dos dejetos de Guarulhos. 

"Quando se têm políticas públicas adequadas, bem-feitas, planos municipais com metas bem desenhadas, descritas nos contratos de concessão, e fiscalização correta das agências reguladoras, automaticamente há mais investimentos. Hoje nem todos têm metas para o saneamento, mas o novo marco legal exige que elas sejam cumpridas", conclui a executiva do Trata Brasil. 

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