“Eu tenho que recuperar o tempo perdido", diz Cristian Cravinhos ao deixar penitenciária
Ele e o irmão Daniel foram beneficiados com a saída temporária de Dia das Mães
São Paulo|Do Jornal da Record

Ao deixar a penitenciária P2 de Tremembé, no interior de São Paulo, na manhã desta sexta-feira (10), Cristian Cravinhos disse que tenta não se lembrar do crime e fala de planos para o futuro.
— Eu tenho que recuperar o tempo perdido de uma maneira inteligente, de uma maneira que seja boa para todos, não só para mim.
Ele e o irmão Daniel — condenados pela morte dos pais de Suzane von Richthofen, em 2002 — receberam o benefício da saída temporária de Dia das Mães. Eles terão que retornar à cadeia até quarta-feira (15).
Cristian viajou de carro de Tremembé até a capital ansioso para ver a filha.
— Eu espero que eu possa preencher um pouco do vazio que eu deixei por muitos anos. Mas espero muito mais a oportunidade, não só da minha família, mas de toda a sociedade me dar a chance de reconstruir a minha vida, para que eu possa fazer também minha família feliz.
Desde fevereiro deste ano, os dois passaram do regime fechado para o semiaberto. Eles agora aguardam a progressão para o regime aberto. Cristian falou sobre os trabalhos que ele e o irmão têm feito.
— Os trabalhos que a gente faz lá são trabalhos mais rurais. Por exemplo, hoje eu estou cuidando de javalis, 110 cabeças de javalis. Então a gente trata, a gente limpa chiqueiro, a gente cuida de toda a parte de jardinagem da unidade, a gente cuida de hortas...
Ele fala também em mudar a imagem que a sociedade tem dele e reconhece a brutalidade do crime.
— O que foi feito foi uma atrocidade, foi um erro. Hoje, a própria imprensa, pela minha atitude, fez com que eu ficasse com esse estigma. Eu pretendo, tenho muitos projetos, que quero mostrar para a sociedade que o que aconteceu realmente foi um erro e que isso nunca retornará a acontecer.
Para o promotor do caso, Roberto Tardelli, esses benefícios são naturais quando o preso tem bom comportamento e é bem avaliado.
— Ao longo do cumprimento da pena eles evoluíram, demonstraram merecimento para experimentarem o regime semiaberto.
Na época do crime, em 2002, Daniel Cravinhos era namorado de Suzane von Richthofen, com quem planejou o assassinato dos pais dela. O crime aconteceu na casa da família de Suzane, na zona sul de São Paulo. Manfred e Marísia von Richthofen eram contra o namoro da filha Suzane com Daniel Cravinhos. Os irmãos Daniel e Cristian foram condenados em 2006, em júri popular.
Daniel foi condenado a 39 anos e seis meses de prisão em regime fechado. O irmão, Cristian, foi condenado a 38 anos e seis meses.
Suzane von Richthofen
Em junho de 2011, o STF (Superior Tribunal de Justiça) negou habeas corpus a Suzane von Richthofen para progressão ao regime semiaberto. Ela cumpre pena de 39 anos de reclusão pelo homicídio triplamente qualificado de seus pais: por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas. A defesa dela conseguiu que a pena fosse reduzida a 38 anos.
A progressão para o regime semiaberto pedida por Suzane foi negada pelo juízo de primeira instância. O recurso ao Tribunal de Justiça de São Paulo também foi negado, sob o argumento de que o exame criminológico mostrou imaturidade, egocentrismo, impulsividade, agressividade e a ausência de remorso por parte de Suzane.
Os advogados dela afirmam que o bom comportamento, a espontânea apresentação à Justiça, o exercício de atividades laborativas e o parecer favorável à progressão são elementos que seriam suficientes para obter a liberdade parcial. O ministro do STJ, porém, destacou que a liminar em habeas corpus exige a demonstração de sua necessidade e urgência, o que não aconteceu.
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O crime
Manfred e Marísia dormiam quando Suzane, o namorado dela, Daniel, e o irmão dele, Cristian Cravinhos, entraram na garagem no carro da jovem. A polícia conta que Suzane foi até o quarto dos pais para conferir se eles estavam dormindo.
Autorizados por ela, Daniel e Cristian entraram em ação. Daniel se aproximou de Manfred. Cristian, de Marísia. Foram inúmeros os golpes na cabeça com barras de ferro. Os irmãos ainda usaram toalhas molhadas e sacos plásticos para sufocar o casal.
Durante o assassinato, Suzane esperou no andar de baixo da casa. A jovem revirou o escritório para simular um assalto. Antes de ir embora, o trio embolsou 5.000 dólares e R$ 8.000 guardados por Manfred.
Depois da morte dos pais, Suzane foi com Daniel para um motel. Às três da madrugada, a jovem deixou Daniel em casa e foi em busca do irmão Andreas em uma LAN house. Ela e o irmão caçula voltaram à mansão. Ao se depararem com os pais mortos, Suzane acionou a polícia.
Na madrugada do dia 22 de julho de 2006, o Tribunal do Júri condenou Suzane e os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos à prisão pelo assassinato do casal. Suzane, Daniel e Cristian foram condenados por duplo homicídio triplamente qualificado. Eles estão presos na penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo.
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