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Madrinha Eunice. A história das escolas de samba de São Paulo começou com a Lavapés. E quem fundou a Lavapés é uma mulher negra: dona Deolinda Madre, a Madrinha Eunice.
Uma das figuras mais importantes do samba paulistano, Madrinha Eunice nasceu em 14 de outubro de 1909, na cidade de Piracicaba, no interior paulista. Com 28 anos, ela fundou a Sociedade Recreativa Beneficente Esportiva Escola de Samba Lavapés. Ela fez de sua casa um abrigo para a escola e um berço para o samba.
Madrinha Eunice morreu com 86 anos, em 1995Reprodução/Lavapés
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Adhemar Ferreira da Silva. Poucas pessoas sabem, mas as duas estrelas douradas no símbolo do São Paulo Futebol Clube não são frutos de nenhuma conquista dos times de futebol. Elas representam os recordes mundiais obtidos por Adhemar Ferreira da Silva nos Jogos Olímpicos de 1952 e Panamericanos de 1955.
Nascido na capital paulista em 29 de setembro de 1927, Adhemar é um dos maiores atletas na história do Brasil. Ele foi o primeiro brasileiro bicampeão olímpico, ocupando o lugar mais alto no pódio dos Jogos Olímpicos de 1952 (Finlândia) e 1956 (Austrália). O atleta vestiu a camisa do São Paulo entre 1946 e 1955 e é um dos poucos ídolos do clube que fez sucesso fora das quatro linhas da partida de futebol.
Adhemar morreu em 12 de janeiro de 2001, aos 73 anos, na cidade de São PauloReprodução/São Paulo FC
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Raquel Trindade. Escritora, folclorista, carnavalesca, artista plástica, dançarina, coreógrafa. Essas são só algumas das múltiplas atribuições de Raquel Trindade, recifense que viveu e construiu história em São Paulo, mais precisamente em Embu das Artes, na região metropolitana da capital.
Nascida em 10 de agosto de 1936, Raquel chegou em São Paulo na década de 1960, e se tornou uma das figuras mais importantes da cultura regional e brasileira. Ela é fundadora do Teatro Popular Solano Trindade, em Embu das Artes, nos anos de 1970, e, na década anterior, do movimento de artes da Praça da República. Também foi a responsável por fundar a Nação Kambinda de Maracatu.
Raquel morreu em 15 de abril de 2018, com 81 anos, em Embu das ArtesReprodução/Prefeitura de Embu das Artes
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Geraldo Filme. Cantor e compositor paulista, também conhecido como Seu Geraldo, Geraldão da Barra Funda ou até mesmo Tio Gê, foi um militante do movimento negro que tem a trajetória confundida com a própria história da resistência negra de São Paulo, durante o processo de urbanização da cidade.
Nascido em 25 de agosto de 1927, em São João da Boa Vista, no interior de São Paulo, ele é responsável por diversas obras musicais, dentre as quais se destaca “O Canto dos Escravos”, de 1982, que fez em parceria com Clementina de Jesus e Doca. Eles interpretavam cantigas ancestrais que resgatavam heranças centro-africanas da música brasileira.
Geraldo Filme morreu com 67 anos, na capital paulista, em 5 de janeiro de 1995Reprodução
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José Correia Leite. Jornalista e escritor foi vanguardista na luta para proteger as memórias negras na cidade de São Paulo nas primeiras décadas do século passado. Esteve ao lado de companheiros que batalhavam para fazer uma imprensa com história da comunidade negra.
Nascido na cidade de São Paulo em 23 de agosto de 1900, aos 24 anos de idade foi cofundador do jornal Clarim d’Alvorada. O veículo, no qual ele era diretor, redator e repórter, foi publicado entre 1924 e 1932, e era feito por negros e para a comunidade negra. O jornal contava com notícias, por exemplo, sobre o processo de discriminação racial dos Estados Unidos.
José Correia Leite morreu com 88 anos, em 27 de fevereiro de 1989Reprodução
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Raul Joviano do Amaral. Sociólogo, historiador, poeta, advogado, economista e jornalista. Esta última, principalmente. É um importante nome do jornalismo brasileiro, que atuou em diversos veículos pelo país e foi um dos fundadores do jornal afro A Voz da Raça, em 1931, entre outras publicações feita por e para o povo negro.
Nascido em Campinas, no interior de São Paulo, em 12 de setembro de 1914, foi um dos criadores da Frente Negra Brasileira na década de 1930. Ele também esteve à frente da União Negra Brasileira, no final da década de 1930, da Associação dos Negros Brasileiros, nos anos de 1940, e, na década seguinte, da Associação Cultural do Negro.
Raul Joviano do Amaral morreu em 1988Reprodução
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Lino Guedes. Filho de pessoas escravizadas, o poeta e jornalista Lino Guedes é um importante nome da imprensa negra brasileira nas primeiras décadas do século passado. Ele foi um dos fundadores do Jornal Getulino, em Campinas, no interior paulista, e foi um dos diretores do Jornal Progresso, na capital, dedicados ao movimento negro.
Lino nasceu em 24 de junho de 1897, no município paulista de Socorro, e começou ali a construir sua trajetória de envolvimento com o movimento negro. Em meados dos anos 1920, mudou para São Paulo e deu continuidade à luta, sobretudo por meio da imprensa e em poesias — sendo autor de obras como “O Canto do Cysne Preto” (1927), “Ressurreição Negra” (1929) e “Negro Preto Cor da Noite” (1936).
Lino Guedes morreu na capital paulista, em 4 de março de 1951, com 53 anosReprodução/UFMG
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Micaela Vieira. Uma praça no bairro da Penha, na zona leste de São Paulo, leva o nome de Dona Micaela Viera e demonstra a importância que ela teve na região. Não há muitas informações sobre ela, mas consta que Dona Micaela desenvolveu o fundamental ofício de parteira na região no período pós-abolição.
Conhecida também como Tia Macaela, ela seria a mulher que percorria por longas distâncias a pé, superando as restrições de locomoção no bairro da zona leste paulistana, para fazer nascer diversas crianças de mães negras entre o final do século 19 e início do século 20Reprodução/Google Street View/18.11.2020
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Carolina Maria de Jesus. Uma das maiores escritoras e poetisas brasileiras, o legado de Carolina Maria de Jesus ecoa nas poesias faladas e percorrem nas escritas. Mineira da cidade de Sacramento, ela viveu boa parte da vida em São Paulo, em uma favela na zona norte da capital.
Nascida em 14 de março de 1914, criou os três filhos na favela paulistana do Canindé. Na década de 1950, foi despejada da região onde vivia, por causa da especulação imobiliária. Ela escrevia o que passava em seu diário, e teve a história publicada, sob título de “Quarto de Despejo”, e traduzida para 29 idiomas.
Carolina Maria de Jesus morreu com 62 anos, em 13 de fevereiro de 1977, na capital paulistaReprodução
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Joaquim Pinto de Oliveira. Artesão e arquiteto que faz parte da história do Brasil, Joaquim Pinto de Oliveira, também conhecido como Tebas, nasceu em 1721, em Santos, no litoral paulista, foi escravizado até os 58 anos. Passou parte de sua vida em São Paulo, onde construiu edifícios por meio de sua habilidade de talhar blocos de rochas.
Sua profissão foi reconhecida oficialmente apenas mais 200 anos depois, em 2018, quando o Sasp (Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo) prestou homenagem a ele com base em documentos reunidos pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Neste ano, a Prefeitura de São Paulo decidiu homenageá-lo com uma estátua no centro paulistano.
Tebas morreu no dia 11 de janeiro de 1811, com 89 anos, na cidade de São PauloReprodução