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Todos os anos, quando as temperaturas começam a cair, os olhares se voltam para as quase 25 mil pessoas que vivem em situação de rua na capital paulista. Além de se proteger do coronavírus, esse público precisa encontrar saídas para se aquecer
Reinaldo Canato/R7
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A prefeitura paulistana iniciou, no último dia 30 de abril, o Plano de Contingência para Situações de Baixas Temperaturas com o objetivo de aumentar o número de acolhimentos e doações de cobertores para a população da rua. Segundo a gestão municipal, a ação é reforçada sempre que a temperatura atingir um patamar igual ou inferior a 13°C
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Durante a noite mais fria do ano, quando a cidade de São Paulo registrou mínima de 2,6°C, Alexander Rodrigues de Oliveira, de 21 anos, recorreu à cachaça para se esquentar em uma das esquinas da região nobre de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista
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Alexander se abriga em uma pequena barraca forrada com cobertores, próximo a um fogão adaptado, alimentado com etanol. Ele divide o espaço com um amigo, o tio e uma vira-lata filhote na região de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista
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Mesmo a poucos metros de um dos centros de acolhida municipais, Alexander e seus companheiros de barraca preferem a rua, a menos que esteja chovendo. “O problema de lá é que tem muitas regras, então a gente prefere ficar aqui mais livre”
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Gileno de Castro Júnior, aos 27 anos, enfrenta a mesma situação por falta de trabalho desde o início da pandemia e afirma que “quanto mais o tempo vai passando, mais nos tornamos invisíveis e fica difícil de arrumar outro emprego”
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Outro que é atendido pelo centro de acolhida da prefeitura é Anderson Felipe, de 29 anos, e que o desemprego também foi o motivo que o levou para as ruas. Atualmente, também enfrenta problemas com consumo de álcool e drogas, mas acredita que vai conseguir superar para um dia retomar a vida como antes
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Para Elísio Claudino Mendes da Silva, de 56 anos, que há três meses é atendido pela unidade, o lugar é bom para auxiliar em uma reestruturação da vida das pessoas. Gaúcho do pequeno município de Alegrete, ele passou a viver na rua depois de ter perdido, em 2013, sua casa que havia sido construída em um terreno da prefeitura
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A Prefeitura de São Paulo explica que, além das 23 mil vagas disponibilizadas nos 100 centros de acolhida, a população em situação de rua da capital conta com 2.159 novas vagas criadas na pandemia, sendo que 692 estão em oito equipamentos emergenciais em centros esportivos, 400 em unidades de CEU, 260 em um Centro de Acolhida Especial para Famílias e 807 vagas para hospedagem de idosos em situação de rua já acolhidos na rede socioassistencial em 13 hotéis
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Desse total de novas vagas criadas, 1.667 estão em atividade. Segundo a prefeitura, esses equipamentos funcionam 24 horas por dia e são voltados a diversos perfis. As pessoas com suspeita de covid-19 com sintomas leves são encaminhadas para o Centro de Acolhida Especial na Vila Clementino, na zona sul, com 50 vagas, ou para um Centro de Acolhida na Lapa, zona oeste, com 40 vagas para a doença e 60 para a Operação Baixas Temperatura, informa a prefeitura
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Para a ex-secretária de Assistência Social em São Paulo e advogada Luciana Temer, o trabalho desenvolvido com a população de rua é muito complexo e diverso, mas quando chega o período de frio só existe um caminho: “Tem que botar todo mundo para dentro de algum lugar”
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Nessa mesma linha, Vinícius Lima, ativista de direitos humanos e cofundador do SP Invisível, projeto que conta histórias de pessoas em situação de rua, afirma que o maior desafio com a chegada das baixas temperaturas deste ano é conseguir lugar para colocar todos em um curto espaço de tempo. “O frio realmente mata, tira vidas nas ruas todos os anos”
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