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Pedágio 'free flow' no litoral de SP provoca críticas à gestão Tarcísio

Tecnologia dispensa praça de pedágio e cobra a partir de tags ou placas. Motoristas que usam estrada no litoral poderão pagar por trechos hoje sem cobrança

São Paulo|Isabelle Amaral, do R7

Pórticos com sensores na Rio-Santos fazem cobrança
Pórticos com sensores na Rio-Santos fazem cobrança

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), estuda implantar um novo sistema automático de pedágio com tráfego livre de veículos nas estradas paulistas.

Ele consiste em cobrar o motorista pelo trecho percorrido, identificando a passagem dos veículos por meio de tags, como o Sem Parar, ou pela identificação das placas.

Os testes já começaram na Rio-Santos (BR-101), no trecho entre Ubatuba e Rio de Janeiro, e o objetivo do governo é implantar o "free flow" em todas as rodovias estaduais. O plano, porém, tem gerado críticas em algumas cidades.

A preocupação ocorre porque os motoristas poderão ser cobrados com frequência por trajetos básicos dentro do próprio município ou entre cidades próximas.


Motoristas que moram ou frequentam o litoral sul de São Paulo já temem a mudança. Isso porque a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega é uma estrada que funciona como uma "avenida" de cidades como Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe.

Essas cidades do litoral sul têm poucas vias alternativas para deslocamentos de média e longa distância. Em Itanhaém, por exemplo, a avenida da orla possui valetas que dificultam o fluxo. Assim, muitos motoristas recorrem à estrada.


Em uma reunião entre vereadores do litoral sul e o secretário estadual de Parcerias e Investimentos, Rafael Benini, foi apresentada a ideia de colocar nove pontos de cobrança, sem as cabines do pedágio. Se aprovada, os motoristas devem passar a pagar R$ 11,70 para ir da Praia Grande a Peruíbe e o mesmo valor para voltar.

A população pode ser afetada até mesmo ao fazer trajetos básicos e de necessidade, como ir ao hospital, posto de saúde e supermercado, conforme revelou ao R7 Fábio Bibão, presidente da União dos Vereadores da Baixada Santista.


Ele explica que a cidade de Itanhaém é dividida por um rio e há uma ponte para atravessá-lo, o que não foi considerado no projeto. Só esse trajeto de um lado para o outro geraria cobrança.

"Seriam nove pontos de cobrança de R$ 1,30 cada, mas ainda não foram definidos os lugares. Foi marcada uma audiência na Alesp [Assembleia Legislativa de São Paulo] neste mês para apresentar o projeto", disse.

Preocupações

Para o aposentado Adriano Louro, que é morador do Rio de Janeiro e usuário da Rio-Santos, a tecnologia não é perfeita o suficiente para, por exemplo, identificar quando um carro clonado passar na guarita.

"O ponto negativo é que, se um carro clonado com a sua placa passar no free flow, a conta será sua. Até você descobrir e ter de correr atrás para provar que não foi você, seu nome já estará sujo", disse.

Em nota, a Secretaria Estadual de Parcerias em Investimentos disse que o sistema está em estudo e prevê a estruturação de cerca de 2.000 km de rodovias estaduais, por meio de concessões de trechos à iniciativa privada.

"As melhorias estão sendo avaliadas por meio de estudos de viabilidade conduzidos pela IFC [International Finance Corporation]", informou.

O que é o free flow?

O free flow é uma tecnologia que tem como objetivo banir as praças de pedágio para instalar em trechos de rodovias pórticos com sensores automáticos que realizam a cobrança do motorista por meio da placa do carro.

Segundo o governador, o objetivo é aposentar todas as praças de pedágio do estado. "Com o sistema, o motorista passa a pagar uma tarifa mais justa pelo que realmente utiliza da rodovia, e de forma mais simples e ágil", disse Tarcísio ao revelar que o sistema será instalado em breve no trecho norte do Rodoanel Mário Covas.

O free flow funciona da seguinte maneira: quando o veículo passa pelo pórtico, as câmeras com tecnologia OCR (Optical Character Recognition, ou Reconhecimento Óptico de Caracteres) fazem a leitura das imagens frontal e traseira das placas.

Um scanner a laser faz a identificação e o dimensionamento dos veículos em tempo real, capturando características como altura, largura, comprimento, trajeto e velocidade de carros, motos, ônibus, entre outros parâmetros.

As informações são complementadas pelas antenas de identificação e câmeras de monitoramento e enviadas a um sistema central, responsável por receber e processar todos os dados. Os usuários que possuírem TAG — dispositivo acoplado ao para-brisa do veículo, como o Sem Parar, por exemplo — farão o pagamento automático.

Já os usuários que não possuírem TAG pagarão a tarifa posteriormente, por meio de plataforma digital a ser implementada pela concessionária.

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