Investigado por incêndio de estátua de Borba Gato depõe à polícia
Segundo advogado Airton Jacob, Paulo Roberto Lima, conhecido como "Galo", dará depoimento para colaborar com investigação
São Paulo|Isabelle Gandolphi, da Agência Record
O investigado por participar de incêndio no monumento do Borba Gato, em Santo Amaro, se apresentará à polícia na tarde desta quarta-feira (28). Segundo o advogado Airton Jacob, Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como "Galo", estará no 11° DP de Santo Amaro a partir das 12h para prestar depoimento às autoridades.
Galo é integrante do Movimento Periférico, identificado como organizador do ato que incendiou o monumento. Segundo o advogado, ele, que integra o movimento dos Entregadores Antifascistas, se apresenta espontaneamente.
Jacob afirmou ainda que há um pedido de prisão temporária contra Galo, requerido pelo delegado responsável pelo caso. Até ontem, porém, a Justiça não havia expedido o mandado.
O depoimento está marcado para às 14h desta quarta-feira (28). A previsão é que Galo chegue à delegacia por volta das 12h, acompanhado de seus advogados.
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A polícia havia indiciado Thiago Viera Zem, de 35 anos, dono do caminhão que foi usado para o transporte de pessoas e pneus até a estátua de Borba Gato. Thiago foi solto por ordem judicial em atendimento a um pedido da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, como mostra decisão proferida pela juíza Eva Lobo Chaib Dias Jorge.
O 11° DP está localizado na rua Padre José de Anchieta, número 138, em Santo Amaro, zona sul de São Paulo.
O prefeito Ricardo Nunes afirmou que o monumento será restaurado a partir da doação de um empresário, cuja identidade ainda não foi revelada. O valor do prejuízo ainda está sendo contabilizado. A informação foi divulgada durante a vacinação domiciliar de uma gestante, na manhã da segunda-feira (26).
"Classificamos como lamentável e um ato de vandalismo. Não é fazendo ato de vandalismo que você vai poder discutir questões, dívidas do passado", afirmou o prefeito.
Protesto
A estátua do bandeirante Manuel de Borba Gato, localizada na praça Praça Augusto Tortorelo de Araújo, no bairro de Santo Amaro, zona sul da capital paulista, foi incendiada no começo da tarde deste sábado (24). De acordo com a Polícia Militar, cerca de 20 pessoas atearam fogo em pneus colocados na base do monumento. (veja abaixo).
O "Revolução Periférica" assumiu a autoria do incêndio. Imagens publicadas nas redes sociais mostram o momento em que uma faixa do grupo é exibida diante do monumento em chamas. Os Bombeiros foram acionados e controlaram o fogo cerca de 10 minutos após o início do incêndio. Quando a polícia chegou, os manifestantes já haviam deixado o local e o trânsito foi liberado. Não houve registro de feridos.
O caso foi registrado no 11º Distrito Policial que ficará responsável pelas investigações. A polícia busca imagens e informações que possam ajudar na identificação e localização dos autores do ato de vandalismo.
A estátua do bandeirante continua de pé, mas houve danos à estrutura. O monumento de concreto de cerca de 13 metros foi inaugurado em 1957 e já foi alvo de outros atos de protesto. Em setembro de 2016, a obra foi pintada com tintas coloridas, assim como o Monumento às Bandeiras, no Parque do Ibirapuera.
Borba Gato fez parte de um grupo que fazia incursões no interior do Brasil e perseguia povos indígenas no período colonial. Não eram, contudo, conhecidos como "bandeirantes" durante a época em que atuaram.
A historiadora Iris Kantor, professora de historiografia colonial na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), reforça que o termo foi cunhado por historiadores contemporâneos como Affonso Taunay, que dirigiu o Museu Paulista a partir de 1917. Até então, eram conhecidos apenas como "paulistas" ou sertanistas.