Jovem acusado de roubar motorista de app deixa a prisão em SP
Rapaz de 19 anos com deficiência intelectual foi solto nesta quarta-feira (24), após prisão baseada em reconhecimento facial
São Paulo|Do R7, com informações da Record TV
O jovem Marcos Vinícius Souza, de 19 anos, preso depois de ser acusado de participar do assalto a um motorista de aplicativo, foi solto nesta quarta-feira (24) por decisão da 3ª Vara Criminal de Diadema, na Grande São Paulo.
Na saída do CDP (Centro de Detenção Provisória) da cidade, Marcos Vinícius demonstrou não entender o motivo pelo qual passou 22 dias encarcerado. "Sou um cara inocente. Nunca fiz mal para ninguém", declarou.
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Para a família de Marcos Vinícius, a prisão foi injusta e a sua inocência será comprovada. "Eu estou tão feliz, tão feliz de ter ele de volta aqui", comemorou a mãe do jovem, Maria José Souza Santos.
O caso
Marcos foi detido por policiais militares em uma rua perto da casa onde mora, suspeito de praticar o crime junto com dois adolescentes. No 3º DP (Distrito Policial) da cidade, ele foi reconhecido pela vítima "com certeza e sombra de dúvida", segundo a polícia.
Porém, em entrevista concedida ao Núcleo de Jornalismo Investigativo da Record TV, o motorista de app mudou a afirmação feita à Polícia Civil e disse que não tinha certeza sobre a identificação dos ladrões. A vítima procurou o Ministério Público para mudar o seu depoimento.
Arma apreendida gera polêmica
O rapaz, que possui deficiência intelectual — conforme apontam laudos médicos entregues à polícia pela família —, ainda deverá responder pela acusação. A Justiça deverá analisar outras provas no processo em que Marcos Vinícius é réu, acusado de roubo, receptação de um celular e porte ilegal de uma arma.
No registro da ocorrência, os PMs relataram que, no momento da abordagem, o rapaz teria corrido e, depois de capturá-lo, um dos policiais havia percorrido o trajeto da fuga e encontrado uma pistola que Marcos Vinícius teria jogado fora.
O professor de gestão pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e membro do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) Rafael Alcadipani avalia que a informação dos policiais militares sobre a arma utilizada no assalto deixa dúvidas.
"Por se tratar de um jovem em condições especiais, me parece que é preciso pelo menos investigar a fundo se os policias estão falando a verdade. Soa um pouco curioso que um jovem nessas condições estivesse com uma arma na mão", disse o especialista.
A advogada Michelle Magarotto contesta as informações registradas no boletim de ocorrência. O documento é considerado "muito contraditório" pela defesa do acusado.
"A investigação me parece a pouco a toque de caixa. A defesa é tecnica. A gente trabalha com prova. E é isso que estamos buscando. Levantar todas as provas do caso para provar efetivamente a inocencia do vinicius", complementou.