Jovem diz que foi estuprada em carceragem de delegacia em SP
Suspeito, que é carcereiro, nega as acusações, mas foi afastado. Os dois vão passar por exames de conjunção carnal e toxicológico
São Paulo|Mariana Rosetti, da Agência Record
Uma jovem denunciou ter sido estuprada na carceragem da Delegacia de Polícia de Barueri, na região metropolitana de São Paulo, na noite de sábado (12), enquanto estava presa preventivamente. O suspeito da agressão, que é carcereiro, foi afastado e é investigado pelo crime.
A vítima, de 18 anos, foi presa em flagrante na sexta-feira (11), acusada de tráfico de drogas. A jovem teve a prisão convertida em preventiva, e estava na carceragem aguardando transferência para o Centro de Detenção Provisória de Franco da Rocha.
Na noite de sábado, segundo seu advogado, Amadeu de França, ela foi abordada pelo carcereiro, de 55 anos, em uma sala que fica dentro da carceragem. No cômodo, ainda de acordo com o advogado, o policial civil a estuprou.
Amadeu de França explica que a carceragem do distrito policial recebe mulheres presas temporariamente e também possui outras duas celas, em andar superior, para menores infratores.
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Segundo o boletim de ocorrência, o carcereiro afirmou ter sido avisado de que adolescentes apreendidos estavam fazendo barulho na ala superior. Ele contou que foi até o outro andar, passando pela cela da mulher, e, após verificar o barulho, retornou para sua sala. O carcereiro notou que a porta chapeada, que dá acesso à entrada da sala dos agentes, estava fechada, sendo que havia ficado aberta.
Ainda segundo o boletim de ocorrência, o policial disse que foi até a cela da mulher, mas que não a viu, encontrando apenas os chinelos dela próximos às grades dos fundos. Imaginando que a detenta pudesse ter fugido, o agente conseguiu abrir a porta, que ela provavelmente teria fechado, com a ajuda de um extintor. Em seguida, foi até o plantão policial e informou aos colegas o ocorrido.
Ele acrescentou que, após uma vistoria mais detalhada, localizou a detenta nos fundos da carceragem, perto do muro de contenção. Segundo o agente, a princípio, ela teria apenas levantado os braços, mas, assim que chegou o apoio de outros policiais, ela passou a chorar e a dizer que não queria mais ficar presa.
Já no plantão policial, ao ser entrevistada, a vítima contou que havia sido abusada sexualmente pelo carcereiro.
A autoridade policial requisitou que uma perícia fosse feita no local, além de exames para constatação de conjunção carnal e toxicológico para a jovem, no Hospital Pérola Byington.
Também foram pedidos exames para constatação de lesão corporal, exame toxicológico e coleta de material biológico do policial, para possível tese de confronto, segundo o boletim de ocorrência.
O perito utilizou swab para a coleta de vestígios de material biológico no móvel onde, segundo informações, houve o estupro. Após passar por procedimentos no Pérola Byington, a vítima foi ouvida, e suas declarações, reduzidas a termo em autos próprios.
Nesta segunda-feira (14), Amadeu de França conseguiu conversar com a vítima e gravou parte do depoimento. Ela conta os momentos de terror e pede ao advogado que a tire de lá, já que não se sente segura e não consegue dormir, lembrando-se da violência que sofreu.
O advogado conta que a mulher é mãe de uma criança de 1 ano. O próximo passo será pedir à Justiça a conversão da prisão preventiva para prisão domiciliar, garantida pela lei em casos de mães com crianças de até 12 anos sob seus cuidados.
O caso foi registrado como estupro consumado, através do boletim de ocorrência 659/2022, na Delegacia de Barueri. Segundo o advogado, o carcereiro foi afastado da função e é investigado.
Até um parecer do Judiciário, a mulher permanece na delegacia. Ela será transferida nesta segunda-feira (14) ao CDP (Centro de Detenção Provisória) de Franco da Rocha.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que a 11º Corregedoria Auxiliar de Carapicuíba foi comunicada sobre a denúncia e instaurou um inquérito policial e apuração preliminar. "A vítima foi ouvida no último domingo (13) e encaminhada ao Hospital Pérola Byington, onde realizou exames periciais. O local dos fatos também foi periciado e outros detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial", completou a instituição.