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Justiça barra livro sobre crime de Suzane e editora recorrerá

Na decisão, juíza argumentou que escritor não teve contato com a detenta na apuração da obra; autor do livro-reportagem avaliou fato como censura prévia

São Paulo|Guilherme Padin e Joyce Ribeiro, do R7

Editora e advogado do autor irão recorrer da decisão
Editora e advogado do autor irão recorrer da decisão

O Tribunal de Justiça de São Paulo, por meio da juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, acatou o pedido de Suzane von Richtofen e proibiu o lançamento, divulgação e comercialização de “Suzane, assassina e manipuladora”. O livro-reportagem, agora produzido pela editora Matrix e escrito pelo jornalista Ulisses Campbell, trata da história da responsável pela morte dos próprios pais.

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Na decisão, Sueli Armani argumentou que Campbell, autor da obra, não teve contato com Suzane durante a apuração e destacou como defesa o direito da presa à proteção contra qualquer forma de sensacionalismo. A magistrada disse ainda que a imagem da condenada já é naturalmente atingida pelo fato da condenação, que, com a publicação, seriam irreparáveis os danos causados à detenta, e que o livro não é de interesse público.

Procurado pela reportagem do R7, Campbell disse que viu a proibição “como uma censura prévia, pois a juíza julgou uma obra que ainda nem existe”. Além disso, ele afirmou que espera que a Justiça reveja essa decisão e autorize a publicação do livro, resultado de três anos de apuração.

Advogado do autor, Alexandre Fidalgo afirmou que recorrerá da liminar na próxima semana: “Essa decisão é censura prévia clássica. Impedir a publicação de um livro, que nem está editado, sob o argumento errático que o personagem não é uma figura de interesse público é um erro sério. E fosse qualquer justificativa, não tem amparo jurídico. Esse é um fato jornalístico e Campbell fez um trabalho sério.”


Suzane von Richtofen teve pedidos pela não publicação do livro indeferidos em outras instâncias desde outubro, mas ingressou paralelamente com “pedido de providências” à Corregedoria dos Presídios, acatado pela juíza Sueli Armani.

A reportagem procurou pela defesa de Suzane von Richtofen, que não respondeu até a publicação deste texto.


Confira a nota oficial divulgada pela Matrix, editora do livro:

A Matrix Editora vai recorrer da liminar da juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, da Vara de Execuções Criminais de Taubaté (SP). Na decisão provisória de 12 de novembro, ela proibiu a “publicação, veiculação, distribuição, comercialização do livro-reportagem “Suzane, assassina e manipuladora””. Na liminar, ela acata o pedido feito pela detenta. A juíza alega que Suzane não foi entrevistada e que a obra tem informações sigilosas do processo de execução penal, como laudos psicológicos. “Todo o conteúdo do livro não traz nenhuma informação sigilosa, ao contrário do que sugere a juíza. Não entendo como ela pode proferir tal decisão sem saber do conteúdo da obra. Para mim, isso se trata de censura prévia” – diz Paulo Tadeu, proprietário da Matrix Editora. A juíza acrescenta ainda que a obra não é de interesse público e que traz danos morais irreparáveis para Suzane. A obra está prevista para ser lançada em janeiro de 2020.


O crime

Suzane foi condenada por matar os pais Manfred e Marísia von Richthofen em outubro de 2002, ao lado dos irmãos Cristian e Daniel Cravinhos. O casal foi morto a pauladas enquanto dormia. Suzane foi condenada a 39 anos de prisão porque foi considerada mentora do crime e desde 2015 está no regime semiaberto.

Daniel Cravinhos foi condenado a 39 anos de prisão pelos homicídios, mas já cumpre pena no regime aberto. Cristian estava na mesma situação, mas foi preso novamente e condenado a 4 anos de prisão por posse ilegal de munição e suborno de policiais após se envolver em uma confusão num bar em Sorocaba, no interior paulista.

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