Justiça de São Paulo interroga duas rés acusadas de maus-tratos e tortura na escola Colmeia Mágica
Foram ouvidas, na quinta-feira (13), seis testemunhas de acusação e oito de defesa, além de uma ré. Audiência continua nesta sexta
São Paulo|Do R7
A Justiça de São Paulo interroga nesta sexta-feira (14) duas das três rés acusadas de tortura e maus-tratos contra crianças na escola infantil Colmeia Mágica, localizada no bairro Jardim Formosa, zona leste de São Paulo. Na noite da quinta-feira (13), foram ouvidas 14 testemunhas e uma das rés. A audiência de instrução continua hoje, de acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo.
Durante a audiência, foram ouvidas seis testemunhas de acusação e oito de defesa, além de uma ré, no Fórum Criminal da Barra Funda. Os interrogatórios se encerraram por volta das 19h. O processo tramita em segredo de Justiça, e o nome da ré ouvida na quinta-feira não foi divulgado pelo TJ-SP. No fim dessa etapa, a Justiça decidirá se vai condená-la ou absolvê-la.
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As irmãs e proprietárias da escola Colmeia Mágica, Roberta e Fernanda Serme, e a funcionária, Solange Hernandez, são acusadas pelos crimes de tortura e maus-tratos contra ao menos nove crianças e se tornaram rés no processo. No dia 10 de maio, a Justiça de São Paulo aceitou a denúncia do Ministério Público contra as irmãs e a funcionária.
Elas haviam sido indiciadas pela Polícia Civil. O inquérito policial foi realizado pela 8ª Cerco (Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas), de São Mateus. Roberta chegou a ficar foragida, e foi presa no dia 28 de abril. Fernanda foi detida no dia 25 do mesmo mês.
A Polícia Civil abriu um segundo inquérito para apurar novas denúncias de maus-tratos nas crianças. A pasta afirmou, por meio de nota, que a decisão ocorreu para investigar novos fatos.
Laudos periciais
Exames periciais comprovaram lesões em alunos da Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica, no Jardim Formosa, zona leste de São Paulo. Mas, segundo a defesa das irmãs, não há como apontar o local onde as lesões aconteceram. No celular da diretora foi encontrada uma foto de um bebê preso ao cinto na cadeirinha e sujo de fezes.
"Os exames não comprovaram onde ocorreram as lesões, se na escola, no parque, em casa. A voz, que seria da Roberta em um áudio, não foi comprovada pela perícia. Os lençóis apreendidos que seriam usados na tortura não têm presença de sangue. Não há nenhuma prova concreta nos laudos e documentos que apontem responsabilidade das rés nos casos de tortura", afirmou o advogado André Dias.
Contudo, a presença da imagem do bebê no celular da diretora mostra que ela tinha conhecimento dos maus-tratos sofridos pelas crianças na unidade de ensino. O aparelho foi apreendido pela polícia e passou por perícia. As irmãs foram presas preventivamente na penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo.
Crianças amarradas
As denúncias vieram à tona após vídeos circularem nas redes sociais. As imagens mostravam crianças, com os braços amarrados, alimentadas dentro de um banheiro e chorando. Na gravação, ao menos quatro alunos, dois dos quais embaixo da pia, estavam com os braços envolvidos em panos.
Segundo relatos de pais e mães, denúncias contra a escola são antigas. Após a formalização, as redes sociais do colégio foram retiradas do ar. Os muros da escola foram pichados com palavras como "desumano", "crime", "lixo" e "justiça".
Além da investigação da Polícia Civil, a Prefeitura de São Paulo apurou que a unidade havia funcionado por 16 anos sem permissão da gestão municipal. Desde o escândalo, em março, a escola infantil está fechada.