Justiça de SP arquiva processo contra motoboy agredido por PM
Pedido do Ministério Público foi acatado por juíza, que entendeu que entregador não praticou crime que justificasse a prisão ou a agressão
São Paulo|Elizabeth Matravolgyi, da Agência Record
O Tribunal de Justiça de São Paulo arquivou inquérito contra o motoboy André Mezzete, de 29 anos, que foi agredido a coronhadas pelo policial militar à paisana, Felipe da Silva Joaquim, depois do rapaz ficar preso preventivamente por quatro dias, sob a acusação de tentativa de assalto.
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A juíza Tania da Silva Amorim Fiuzza acatou ao pedido do Ministério Público de São Paulo e entendeu que o motoboy não praticou nenhum crime que justificasse sua prisão e a agressão por parte do policial militar.
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André ficou preso preventivamente no CDP (Centro de Detenção Provisória) Belém II por quatro dias e teve sua liberdade concedida na última terça-feira (1º). O policial militar Felipe da Silva Joaquim, de 30 anos, foi afastado do policiamento operacional. A PM também apura o caso.
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Na versão do PM, ele teria sido vítima de uma tentativa de assalto, e por isso reagiu com violência. Parentes e amigos do entregador questionaram a conduta do policial e dizem que houve abuso na abordagem.
Flagrante
Em imagens gravadas por uma moradora do local, o entregador aparece no chão enquanto o policial segura e aponta uma arma na direção dele. Em determinado momento, o agente pega o homem pela gola da camiseta e o arrasta até o muro de uma casa.
Em um outro trecho do vídeo, o André questiona a atitude do policial. Um homem de camiseta azul tenta intervir e o PM manda ele sair de perto. Pouco tempo depois, uma viatura da Polícia Militar chega e André é preso.
O entregador foi encaminhado para uma unidade de saúde com ferimentos na cabeça e só recebeu alta na manhã do dia seguinte, depois que o boletim de ocorrência havia sido registrado como tentativa de assalto.
Boletim de ocorrência
O advogado dele questionou a ação do policial e a forma como o boletim foi registrado. Segundo ele, no depoimento do PM consta que o policial viu André "em uma atitude suspeita" e voltou para abordá-lo quando o entregador fez "menção de sacar uma arma de fogo". Caruso também afirma que o homem de camisa azul nas imagens chegou a ir à delegacia mas saiu sem prestar depoimento.
Perfil
André trabalha como entregador em uma pizzaria da zona norte da capital e dá aulas de jiu-jitsu para crianças. O entregador tem antecedente criminal por receptação de carro em 2013. Porém, de acordo com o advogado, ele comprou o veículo sem saber que se tratava de um carro roubado.