Justiça de SP nega pedido de prisão domiciliar para Roger Abdelmassih
Ex-médico foi condenado a 181 anos pelo estupro de 37 pacientes. Essa não é a primeira vez que sua defesa pede prisão domiciliar
São Paulo|Do R7
O TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) negou o pedido de prisão domiciliar feito pela defesa do ex-médico Roger Abdelmassih, nesta segunda-feira (25).
Abdelmassih era considerado um dos principais especialistas em fertilização no Brasil e foi condenado a 181 anos de reclusão pelo estupro de 37 pacientes.
A defesa do ex-médico argumentou que o criminoso, de 78 anos, possui grave patologia e idade avançada, logo a medida seria necessária para proteger sua vida. Por ser idoso e estar debilitado, sustentam os advogados, ele depende do auxílio de terceiros para os atos da vida diária, com risco iminente de agravamento súbito do quadro.
Leia também
A juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, porém, negou o pedido. De acordo com laudo pericial citado no processo, apesar da gravidade da doença, Abdelmassih possui estabilidade do quadro de saúde, e não houve nenhuma manifestação de descompensação.
A juíza também afirma que, no cárcere, o ex-médico recebe cuidados, medicação adequada, atenção especial e acompanhamento médico disponível de forma ininterrupta.
Esse serviço é mantido pela própria unidade prisional, através do projeto Médicos Presos Atendendo Presos, que, ainda segundo a juíza, está disponível 24 horas, o que não ocorreria no domicílio do preso.
“Há que se reconhecer que, se a estrutura carcerária fosse de fato tão prejudicial à saúde de [Roger Abdelmassih], ou lhe submetesse a iminente risco de morte, o mesmo certamente já teria fenecido, pois toda esta batalha defensiva vem sendo travada desde o ano de 2017, em idêntico contexto e argumentações”, diz a juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani.
Roger Abdelmassih pode recorrer da decisão.
O caso
Roger Abdelmassih foi preso no dia 19 de agosto de 2014, no Paraguai, após investigação da reportagem da Record TV localizar seu paradeiro. A prisão foi feita por agentes paraguaios da Secretaria Nacional Antidrogas, com apoio da Polícia Federal. Ele se tornou procurado depois de pacientes o terem acusado de estupro em sua clínica de fertilização em São Paulo, entre os anos de 1995 e 2008.
O ex-médico foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por crimes de estupro praticados contra 56 mulheres. Ele teve o registro profissional cassado em agosto de 2009.
Abdelmassih chegou a ser condenado a 278 anos de reclusão por 48 crimes de estupro contra 37 pacientes entre 1995 e 2008. Em 2014, sua pena foi reduzida para 181 anos em regime fechado.