São Paulo Litoral de SP vive apreensão por possível chegada de turistas de fim de semana; PM fará bloqueios

Litoral de SP vive apreensão por possível chegada de turistas de fim de semana; PM fará bloqueios

Região sofre com problemas de infraestrutura e desabastecimento em supermercados, mas deverá receber visitantes

  • São Paulo | Do R7

Homem que dança na praia após tragédia foi tema de post da prefeitura e viralizou

Homem que dança na praia após tragédia foi tema de post da prefeitura e viralizou

Reprodução

O início de um novo fim de semana de verão gera apreensão no litoral norte de São Paulo, onde mais de 50 pessoas morreram vítimas de deslizamentos causados por fortes temporais no sábado e no domingo de Carnaval.

Diversas autoridades já pediram à população que não se dirija à região em razão da possibilidade de novos desmoronamentos e da situação ainda caótica enfrentada pelos moradores. Tratores e escavadeiras fazem parte do cenário dos bairros afetados, as famílias atingidas são abrigadas em escolas e ONGs e os serviços de saúde foram mobilizados para atender os feridos. Além disso, toda a população da região enfrenta problemas como o risco de falta de água potável, o desabastecimento em supermercados e a dificuldade para transitar nas estradas.

O alerta aos turistas para que evitem a região já foi feito pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que inclusive pediu aos visitantes que deixassem o litoral norte durante o Carnaval para reduzir a pressão sobre os serviços públicos. Órgãos como o Corpo de Bombeiros e a Prefeitura de São Sebastião, cidade onde ocorreu a maioria das mortes, também reforçam o pedido.

Na sexta-feira (24), foi a vez de a Polícia Militar anunciar que fará bloqueios nas estradas para orientar os turistas. Não será proibida a passagem, mas os agentes vão expor o esforço logístico que está sendo feito para atender a população afetada pela tragédia.

Calor e casas alugadas

Há preocupação quanto aos próximos dias, já que a região é muito procurada por turistas durante o verão. O fim de semana que começa neste sábado (25) promete ser quente, com temperaturas acima dos 30°C, mas há também a possibilidade de pancadas de chuva típicas da estação. Além disso, pessoas que já alugaram imóveis afirmam que irão para o litoral e que não conseguiram cancelar a reserva com os proprietários.

Outro motivo de apreensão é o fato de o Governo de São Paulo ter divulgado na sexta-feira (24) que a rodovia Rio-Santos foi completamente desobstruída no último ponto prejudicado pelo temporal, a região da praia Preta, que foi liberado para tráfego em sistema de comboio nesse trecho. Já é possível percorrer toda a Rio-Santos, portanto. 

Ao R7, o capitão do Corpo de Bombeiros André Elias, que está à frente do trabalho de buscas em São Sebastião, diz que a maior preocupação, neste momento, é a infraestrutura. "A gente pede aos turistas que evitem vir para cá e aos que estão aqui que voltem para casa, porque o abastecimento, por mais que esteja sendo restabelecido agora, foi afetado. Há locais ilhados. Por enquanto, não é o momento", afirmou na manhã de sexta.

Empatia de turistas

Se de um lado há a preocupação de que turistas não rumem para o litoral neste fim de semana, por outro lado há o incômodo com a permanência de visitantes na região.

O vídeo de um turista que dançava em uma das praias de São Sebastião foi usado pela Prefeitura de São Sebastião para pedir empatia. O executivo municipal diz que "não é o momento para os turistas visitarem São Sebastião".

A publicação, feita nas redes sociais, gerou mais de 1.700 comentários no Facebook, com opiniões divididas. Alguns falam que o turismo é importante para a economia da cidade. Outros alegam que "fazer festas ou curtir" em um momento tão doloroso para os moradores da região é "falta de respeito".

Dados do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) mostram que nem todos os turistas que foram à região para passar o Carnaval retornaram. Entre a sexta-feira (17) e as 17h de quinta-feira (23), foram contados 155,5 mil veículos em direção ao litoral norte pelas rodovias Mogi-Bertioga, Rio-Santos e Oswaldo Cruz. No mesmo período, subiram para São Paulo 124 mil veículos pelas mesmas vias — ou seja, apenas 80% daqueles que desceram.

Dados do Sistema Anchieta-Imigrantes, que incluem os turistas que foram para o litoral sul, menos afetado pelas chuvas, mostram que também há um saldo positivo de pessoas que desceram a serra do Mar e não retornaram. Aproximadamente 394 mil veículos foram para o litoral entre os dias 16 e 21 de fevereiro, e 308 mil veículos subiram em direção à capital.

A tragédia

Até a noite de ontem, sexta-feira (24), 57 óbitos tinham sido confirmados, sendo 56 em São Sebastião e um em Ubatuba. Equipes do município de São Sebastião com psicólogas e assistentes sociais fazem um trabalho de acolhimento dos familiares das vítimas. Quarenta e sete já foram identificados e liberados para o sepultamento. São 16 homens, 16 mulheres e 15 crianças.

Atualmente, a prioridade continua a ser o socorro às vítimas e o fornecimento de doações a mais de 2.251 desalojados e 1.815 desabrigados.

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