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Mais de 25% das delegacias não têm controle de armas, diz relatório

Auditoria do TCE em 275 unidades do estado de São Paulo mostra também que o tempo médio de espera por atendimento é de 1h16 minutos

São Paulo|Márcio Neves, do R7

No 68º DP na zona leste de SP, marquise desabou e unidade está interditada
No 68º DP na zona leste de SP, marquise desabou e unidade está interditada

Um relatório do TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) aponta que 25,82% das 275 delegacias visitadas pelo órgão na última terça-feira (30) não possuem controle de armas e munições, ou seja, não há registros da quantidade dos itens pelos policiais da unidade, que pode potencializar o risco de desvios e uso inapropriado do armamento.

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Além da falta de controle de armas, o relatório aponta que a espera por atendimento nas delegacias, por exemplo, é de 1h16 minutos. O tempo médio que a pessoa fica no atendimento, que normalmente é para o registro de uma ocorrência policial é ainda maior, cerca de 2h15 minutos.

"Se há falta de controle de armamento, ou é por falta de padrão, ou seja, normas rigorosas para serem obedecidas por todas as delegacias, ou não é feita a fiscalização para um problema tão sério como é o controle de armas e munições", diz coronel José Vicente da Silva Filho, ex-secretário Nacional de Segurança Pública.


O coronel também analisa que o tempo de espera nas delegacias paulistas é "absurdamente intolerável" e que um atendimento de qualidade deveria "ser um compromisso não só da Polícia Civil, mas do governo do estado".

O documento apontou também que 83% dos DPs não possuem laudo de vistoria contra incêndio do Corpo de Bombeiros, que 46% dos veículos à disposição dos policiais apresentam problemas e que 39% das unidades têm problemas na estrutura do prédio como rachaduras, trincas, fissuras e goteiras.


Outro ponto de destaque indicado na fiscalização é que 68% dos policiais entrevistados afirmam não ter boas condições de trabalho e que 76% das unidades não controlam o registro de frequência dos policiais e funcionários que trabalham na delegacia.

A fiscalização, realizada sem prévio aviso pelo TCE, foi realizada em 275 delegacias de polícia de 225 das 645 cidades paulistas. O objetivo foi vistoriar as condições das delegacias, em aspectos como condições de atendimento, organização e condições de trabalho dos policiais.


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Para o ouvidor das polícias do Estado de São Paulo, Benedito Mariano, parte desses dados é devido ao sucateamento da Polícia Civil. "A Policia Civil foi sucateada nos últimos 20 anos, o déficit de efetivo é de mais de 10 mil policiais e a má qualidade de atendimento que foi a principal denúncia na Ouvidoria da Polícia dialoga com esta situação estrutural", lembra Mariano.

Já para Raquel Kobashi Gallinati, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, avalia que a fiscalização do TCE evidencia que "a polícia com atribuição de elucidar crimes e desmantelar organizações criminosas está passando por uma situação de desmonte.

A reportagem questionou a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) de forma objetiva sobre os dados apresentados pelo TCE, entretanto a pasta somente respondeu sobre as questões estruturais das delegacias (veja íntegra da nota abaixo) e que "o relatório elaborado pelo TCE será avaliado pela Polícia Civil".

Nota da Secretaria de Segurança Pública sobre o relatório do TCE-SP:

"A Polícia Civil já iniciou um programa para reformas e modernização das delegacias paulistas. Técnicos do Departamento de Administração e Planejamento da instituição estão atualizando os projetos já existentes e realizando vistorias técnicas nos distritos policiais para apontar as melhorias necessárias. O relatório elaborado pelo TCE será avaliado pela Polícia Civil."

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