Médico e equipe transformam morador de rua em Peruíbe, em SP

Um prato de comida, um banho e um corte de cabelo. Essa combinação transformou a vida de um morador de rua na quarta-feira (5), em Peruíbe, no litoral de São Paulo. Atendido na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da cidade pelo médico Bruno Chehade Pereira, o homem chegou com suspeita de surto psicótico. No entanto, a equipe concluiu que se tratava apenas de fome. 

Três em cada dez em situação de rua sofrem de depressão, aponta estudo

O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de Peruíbe recebeu um chamado com a informação de que havia um morador de rua que estaria passando por um surto. Com isso, ele foi levado para a equipe de emergência da UPA. "Ao ver o estado do paciente comecei a perceber que não era um surto psicótico. Comecei a conversar e ofereci comida."

O médico afirma que o morador de rua aparentava sentir muita fome. "Ele comia desesperadamente, o arroz até caía no chão. Então disse para ele 'se você tomar um banho eu te dou mais uma quentinha'", disse Chehade. A equipe o levou para tomar banho e a enfermeira Kátya Vicente separou um conjunto de roupas limpas para o homem.

"Perguntei também se deixava eu fazer a barba e cortar o cabelo dele. Temos uma maquininha de cortar cabelo aqui. Ele ficou tão relaxado que até dormiu enquanto cortava o cabelo", disse o médico. Ao final do atendimento, Chehade afirmou que não se tratava de surto psicótico e sim de um quadro de fome.

Depois do atendimento, o médico afirma que familiares do morador de rua chegaram a enviar mensagens para procurá-lo. "Hoje, ele prefere ficar na rua, mas uma sobrinha dele chegou a me enviar uma mensagem perguntando onde ele estava." A equipe trabalha para ajudar a família a reencontrá-lo.

O médico diz que, segundo informações de outros moradores de rua, ele se chamaria Marcos e seria conhecido como Pirula. O homem estaria na rua Vicente de Carvalho, no Guarujá. "É um paciente fragilizado, que chegou falando coisas incoercíveis porque estava com fome e a fome altera o estado das pessoas. Durante a mudança ele ficou em silêncio, mas depois se sentiu melhor e agradeceu."

Chahade afirmou que não é a primeira vez que a equipe atendeu um morador de rua. Pelo contrário, a emergência da UPA é também voltada aos serviços de acolhimento social. “Se eu não puder curar, tento aliviar o sofrimento das pessoas", diz ele.

A unidade de Pronto Atendimento de Peruíbe recebe doações de roupas para prestar esse atendimento aos moradores de rua da região.