Médico morto a tiros criou Carreta da Saúde, que já atendeu 2 milhões
Roberto Kikawa, fundador da CIES global, estava no carro, na zona sul, quando foi baleado. ONG fundada por ele leva atendimento médico às periferias
São Paulo|Ana Maria Guidi, do R7*
O médico Roberto Kunimassa Kikawa, 48 anos, foi assassinado no último sábado (10), após uma tentativa de assalto, no Ipiranga, zona sul da capital.
Gastroenterologista, Kikawa fundou o CIES global (Centro de Integração de Educação e Saúde), responsável pela Carreta da Saúde, atendimento médico complementar ao SUS (Sistema Único de Saúde).
A instituição, criada em 2008, é conhecida por oferecer atendimento médico em carretas e vans adaptadas para a realização de consultas, exames e cirurgias na periferia.
Reconhecida pelo Guia Melhores ONGs como uma das 100 melhores organizações sem fins lucrativos do Brasil em 2018, a ONG foi responsável por beneficiar mais de 2 milhões de pessoas que dependem do sistema público de saúde o redor do país.
De acordo com o CIES global, Roberto Kikawa, fundador e diretor executivo, cumpria uma promessa feita ao pai, vítima de câncer. O juramento consistia que ele fosse um médico mais humano, que olhasse nos olhos das pessoas e as atendesse com a atenção que mereciam. Em nota, a ONG lamentou a morte do médico, vítima da violência na cidade de São Paulo.
O caso
De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública), Kikawa estava dentro do carro na zona sul, quando dois suspeitos, um de cada lado, pediram que o médico descesse, quando ele saiu do veículo, os suspeitos atiraram.
Segundo a RecordTV, a secretária e a filha de 17 anos também estavam no carro e a causa do assassinato teria sido o fato de que os suspeitos, nervosos, acharam que Kikawa era policial.
O médico foi resgatado e levado ao Hospital do Ipiranga, mas não resistiu aos ferimentos. Ainda de acordo com a SSP, a ocorrência foi registrada no 16° DP como roubo e as investigações continuarão pelo 17º DP, responsável pela área.
Outro assalto
Imagens de câmera de segurança também registraram um assalto que teria acontecido um dia antes, na sexta-feira (9), na mesma região que o médico foi assassinado.
A filmagem mostra dois jovens — um deles armado — se aproximando de dois homens que estão conversando na calçada e anunciam o assalto. A dupla pega o celular, pulseiras, relógio e o carro das vítimas antes de fugir.
Procurada pela reportagem, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) disse que não localizou o registro da ocorrência nas delegacias da Polícia Civil da região do Ipiranga. A pasta ressaltou ainda sobre "a importância das vítimas registraram boletim de ocorrência".
*Estagiária do R7, sob supervisão de Raphael Hakime