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Ministério Público proíbe desfiles e ensaios de carnaval no Minhocão

Moradores discutem diversas possibilidades para o futuro do elevado

São Paulo|Do R7*

A proibição é maior para o período noturno, devido aos riscos à segurança
A proibição é maior para o período noturno, devido aos riscos à segurança

O Ministério Público decidiu, na terça-feira (7), que os acessos do Minhocão (Elevado João Goulart) devem ficar bloqueados para impedir qualquer ensaio ou desfile, que conte com instrumentos musicais ou carros de som no período de Carnaval determinado pelo calendário oficial. O documento determina ainda que tal proibição é principalmente para o período noturno, devido aos riscos à segurança das pessoas que frequentarem o elevado.

A falta de estrutura para os frequentadores do Minhocão foi estabelecida pelo inquérito 14.279.153/2016 segundo o documento divulgado pelo MP. A decisão de impedir a passagem de blocos e desfiles no carnaval veio por meio do pedido proferido pela Conseg Santa Cecília, Campos Elíseos, Barra Funda e Higienópolis e do MDM (Movimento Desmonte Minhocão) que discutem a utilização do elevado.

Conseg e MDM (Movimento Desmonte Minhocão)

Além da proibição dos eventos carnavalescos no Minhocão, a Conseg formada por moradores dos bairros que compreendem a estrutura — Santa Cecília, Campos Elíseos, Barra Funda e Higienópolis — e o MDM também discutem a utilização e a existência do elevado.


Para os dois grupos, segundo Francisco Machado, diretor do movimento e vice-presidente da Conseg, o elevado foi construído para ser utilizado por veículos, não tendo a estrutura de segurança necessária, como saídas de emergência e muros mais altos, para abrigar pessoas, ainda mais em grande volume como nos eventos carnavalescos.

Entretanto o problema não se limita a utilização do Minhocão para pedestres. Segundo Machado, para as organizações a construção foi algo instaurado de forma arbitrária durante a época da ditadura militar, sem se preocupar com as milhares de pessoas que residem nas proximidades do elevado.


Para Machado, a construção é retrógrada e a questão dos benefícios para o trânsito já foram desmistificadas até por especialistas. A melhor opção para ele, a Conseg e o MDM seria então o Desmonte do Minhocão, que na sua visão só degradou a região que ele compreende e atrapalhou a privacidade e o descanso dos moradores. “O Minhocão está em decadência, é só você passar por baixo dele que parece um país da África. A ideia do parque é para idealistas, lugar de parque é no chão, não a oito metros de altura sem estrutura. Nós queremos a modernização e revitalização da região”, explica. 

Associação Parque Minhocão


Outras propostas para o futuro do Elevado João Goulart também são discutidas. A Associação Parque Minhocão propõe a ampliação da utilização do elevado para atividades de lazer. Segundo Athos Comolatti, membro da associação, o Minhocão, que é já é chamado de parque quando não possui a presença de veículos, deveria ser um espaço de lazer para a população da região.

A ideia da associação é ampliar os horários em que o parque funcionaria como esse espaço. “Nós gostaríamos que o Minhocão passasse a ser fechado a partir das 20h, durante os sábados inteiros e durante o período de férias escolares para o aproveitamento das crianças”.

A estrutura para o lazer contaria com elementos como bancos e árvores e para Comolatti e a associação afirma que o inquérito que determina a falta de segurança para a utilização do elevado por pedestres é baseada em argumentos rasos que podem ser questionados.

Bloco Agora Vai

O Bloco Agora Vai acontecia no Minhocão até a proibição do MP, durante o governo do ex-prefeito Fernando Haddad, por questões de segurança. Paula Klein, uma das organizadoras do bloco entende a questão da segurança: “eu entendo a proibição, até eu ficava com medo dos muros baixos, as pessoas bebem, usam drogas e isso são coisas que nós não temos controle”, explica.

Entretanto Paula também se posiciona sobre o futuro uso do elevado, tanto como uma organizadora de blocos de carnavais como moradora, já que recentemente comprou apartamento em um dos prédios que margeiam o Minhocão. Para ela deveria ser extinta a passagem de carros pelo elevado, e o espaço deveria ser reestruturado, incluindo as mudanças necessárias para a segurança, transformando-se em algo como um parque elevado “pra mim, como organizadora de eventos em espaços públicos e como moradora seria maravilhoso um parque no local”.

* Ana Beatriz Azevedo, estagiária do R7 

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