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Morador de distrito nobre de SP vive 23 anos mais do que da periferia

Estudo feito anualmente pela Rede Nossa São Paulo aborda 53 indicadores da administração pública nos 96 distritos da capital paulista

São Paulo|Kaique Dalapola, do R7

O "desigualtômetro" mede o melhor e o pior índice da capital paulista
O "desigualtômetro" mede o melhor e o pior índice da capital paulista ALOISIO MAURICIO/ESTADÃO CONTEÚDO

A Rede Nossa São Paulo divulgou, nesta quarta-feira (27), o Mapa da Desigualdade da capital paulista. Feito anualmente desde 2012, o estudo utiliza dados oificias e públicos para elaborar parâmetros entre os 96 distritos paulistanos. No total, são 53 indicadores avaliados em diversas áreas da administração pública como saúde, educação, cultura, habitação e meio ambiente. 

Leia mais: Estudo mostra aumento da desigualdade entre ricos e pobres em todo o mundo

O gestor da Rede Nossa São Paulo destaca que o que mais chama atenção é a diferença da idade média de mortalidade na capital paulista.

Conforme o estudo, moradores do Jardim Paulista, distrito nobre da região oeste, vive em média 81,5 anos, enquanto os moradores da Cidade Tiradentes, na periferia da zona leste, vivem em média 58,4 anos, uma diferença de 23,1 anos. Esses dados foram obtidos via SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade), criado pelo Datasus, do Ministério da Saúde, para a informar sobre as mortes no país.


"Isso representa o tempo que as pessoas perdem de vida. É uma diferença que mostra como a cidade garante privilégios para quem é rico e vive nas regiões centrais e nobres, mas penaliza muito as pessoas que vivem na periferia e não têm acesso aos serviços públicos", diz Sampaio.

O "desigualtômetro" compara apenas o melhor e o pior índice da capital
O "desigualtômetro" compara apenas o melhor e o pior índice da capital

Desigualtômetro


O "desigualtômetro" compara apenas o melhor e o pior índice da capital. Distritos com resultados igual a zero são excluídos do estudo por não possuírem um índice válido. Com base nesse método de avaliação, a Rede Nossa São Paulo constatou que o Campo Belo, na zona sul, é o bairro que mais apareceu na última colocação, com essa posição em 15 indicadores diferentes.

A região ficou com os piores índices em questões referentes à saúde das mulheres negras, à gravidez na adolescência e ao peso de crianças recém-nascidas. Na sequência, aparecem Marsilac, no extremo sul, com pior índice em 14 indicadores, seguido do Belém, na zona leste, com 13, e Grajaú, na zona sul, com 12.


Por outro lado, o distrito que aparece mais vezes como o melhor nos indicadores avaliados é a Consolação, no centro. O bairro localizado em uma área nobre da capital é o primeiro em 18 dos quesitos avaliados. Em seguida, estão Jardim Paulista e Alto de Pinheiros, ambos na zona oeste, figurando como melhor em 15 indicadores.

De acordo com o gestor de projetos da Rede Nossa São Paulo, Américo Sampaio, o mapa possibilita que a gestão pública e a sociedade conheçam os dados de cada distrito.

"Um indicador para falar de uma cidade grande como São Paulo, com certeza, vai acabar escondendo um conjunto de informação. Por isso, para entender a cidade, é preciso conhecer o comportamento de cada distrito, que mostra o tamanho da desigualdade", afirma Sampaio.

Onde não se tem o mínimo

Mesmo excluindo dos cálculos comparativos os locais com índice zero, o mapa mostra os equipamentos que estão faltando na capital. De acordo com o estudo, a área mais afetada pela falta de investimento público é a cultura. Dos 93 distritos, 60 não possuem museus, 54 não dispõem de cinemas e em 53 não têm se quer um centro cultural ou espaço de cultura para a comunidade.

No Capão Redondo, há um livro infanto-juvenil para cada 50 pessoas. No entanto, esse índice ainda é melhor do que em 37 distritos da capital que não possuem acervo de livros para adultos e 36 de livros infanto-juvenis.

O que melhorou e o que piorou

Na comparação de 2013 a 2017 alguns índices tiveram uma queda assustadora como, por exemplo, o número de leitos hospitalares que variou 1.251%. O distrito de São Rafael, no extremo sudeste da capital, tem o pior índice: 0,04 leito por habitante. As unidades básicas de sáude também variação negativa, assim como a mortalidade materna.

O índice de atendimento em creche teve a maior variação postiva: 91%. Na sequência os equipamentos culturais públicos tiveram ganho de 87%, mesmo que concetrados apenas na região central da cidade. 

Para ver os índices na íntegra acesse o estudo no site da Rede Nossa São Paulo.

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