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Mortos por Rota passariam domingo em família, diz esposa de vítima

Vídeo da ação mostra policiais próximos a veículo onde mortos estavam e é possível ouvir três disparos. Em registro, PMs dizem que houve troca de tiros

São Paulo|Kaique Dalapola, do R7

Alexandre (esquerda) e Renato foram mortos pela Rota
Alexandre (esquerda) e Renato foram mortos pela Rota

Policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), o batalhão mais letal da PM de São Paulo, mataram o fiscal de ônibus Alexandre Ferreira da Silva e o enfermeiro Renato Viana Borges dos Santos, no início da tarde do último domingo (29), em um acesso à Marginal Tietê, na região do Tatuapé, zona leste de São Paulo.

Alexandre, também conhecido como Tchelo, e Renato eram cunhados, haviam passado na feira para comprar pastéis e estavam indo buscar suas esposas para ir à casa de familiares passar o domingo, segundo Lurdes Izanete Dias Santesso, 33 anos, esposa do Alexandre.

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Um vídeo (abaixo) que circula nas redes sociais mostra o momento que seria o final da ação, com os policiais já próximos ao veículo dos mortos, e é possível ouvir três disparos.


A esposa do Alexandre afirma que ele já teve problemas anteriores com a Justiça mas, depois de ter pago o que devia, mudou de vida e estava trabalhando. Eles estavam casados há 17 anos.

"Ele tinha ido buscar meu cunhado na casa dele e passaria na minha casa para pegar eu e minha irmã para irmos para minha mãe", diz Lurdes, que nega que o marido estivesse armado.


Enquanto aguardava o marido, viu mensagens em um grupo de WhatsApp falando que dois individuos foram baleados pela Rota, sendo um deles o Tchelo.

"Foi assim que fiquei sabendo, da pior forma possível. Depois disso, fui atrás de hospitais para saber se era verdade", diz.


Em registro no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, os policiais militares envolvidos na ação disseram que receberam uma denúncia contra os integrantes do carro, pois seriam membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e teriam participado de uma reunião da organização.

Os PMs afirmam que entraram na via pela contramão, desceram e pediram para Alexandre e Renato descerem do veículo, mas os homens teriam desobedecido à ordem.

Os policiais, ainda conforme a versão oficial, desceram da viatura e se aproximaram do carro onde estavam o fiscal e o enfermeiro. “Ocasião em que os indivíduos que ocupavam o veículo agrediram os policiais com disparos de arma de fogo, razão pela qual os policiais revidaram os disparos, atingindo-os", diz o registro dos policiais.

O caso foi registrado como "morte decorrente de intevenção policial" e os PMs apresentaram pala polícia civil duas armas de fogo supostamente dos mortos, além de tijolos de maconha e cartas que teriam sido escritas por membros do PCC.

O R7 questionou a Polícia Militar sobre a ação e os possíveis disparos indicados no vídeo. Até a publicação desta reportagem, no entanto, não houve retorno.

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