MP abre nova investigação contra 'guru da meditação' por abusos
Ministério Público investiga participação de terapeutas e psicólogos que mapeavam alunas com histórico de abusos sexuais ocorridos na infância
São Paulo|Fabíola Perez, do R7
O Ministério Público de São Paulo abriu, na quinta-feira (29), uma nova investigação para apurar novas denúncias de abusos sexuais contra o terapeuta transpessoal Tadashi Kadomoto e integrantes de sua equipe, que, segundo relatos das vítimas, teriam conhecimento dos casos.
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De acordo com a promotora de Justiça Celeste Leite dos Santos, a nova investigação foi aberta para apurar novas denúncias. "Foi instaurada uma investigação para formar a convicção do Ministério Público sobre a existência ou não desses crimes", afirmou.
"Nós ouvimos quatro novas vítimas de crimes supostamente praticados pelo senhor Tadashi Kadomoto que será oportunamente ouvido pelo MP caso deseje. Dessas oitivas, foi possível perceber que tanto é realizado o mapeamento das vítimas do crime não só pelo Tadashi mas também pelos terapeutas e psicólogos do instituto", disse a promotora.
Segundo ela, esse mapeamento identifica as principais vulnerabilidades das vítimas. Essas pessoas teriam em comum o fato de terem sofrido abusos sexuais na infância. "Essa questão demonstra que ele contou com o auxílio material e moral de sua equipe. O procedimento está em uma fase de investigação e oportunamente serão ouvidos os psicólogos e terapeutas do instituto, bem como médicos que participam das dinâmicas para esclarecer o ocorrido".
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Em relação ao mapeamento das vulnerabilidades das vítimas, a promotora afirma que essa atividade não foi realizada somente pelo terapeuta. "As pessoas tinham de preencher um questionário que eram submetidos a avaliação da equipe onde eram identificadas previamente as pessoas que tinham histórico de abuso sexuais. Coincidentemente, a maior parte dessas vítimas foram, durante a infância, vítimas de abusos sexuais", relata a promotora.
De acordo com ela, também será investigada a prática de curanderismo, técnica pela qual a pessoa promete a cura por meio de gestos e palavras em uma análise inicial, há indícios de que houve essa prática delitiva, mas isso será apurado durante o curso da investigação.
Por meio de um vídeo compartilhado nas redes sociais, o terapeuta negou as acusações. "Fiquei muito assustado, sem entender o que estava acontecendo porque não fui procurado pela Justiça", afirmou. "Quem me conhece e convive comigo sabe da minha conduta e do respeito que tenho pelo cuidado com as pessoas. Tenho falhas e cometo erros como todo ser humano, mas jamais cometi atos criminosos. Tenho fé que tudo será esclarecido e até lá vou me afastar das minhas atividades. Ao longo da história, já vimos muitas reputações e famílias destruídas por acusações que depois se mostraram injustas", declarou.