São Paulo MPF pede explicações ao iFood por financiamento de campanha contra entregadores

MPF pede explicações ao iFood por financiamento de campanha contra entregadores

Reportagem apontou que empresa contratou agências para ação de marketing velada contra entregadores e suas demandas

  • São Paulo | Do R7

Entregador de aplicativo pedala sobre o viaduto da Freguesia do Ó

Entregador de aplicativo pedala sobre o viaduto da Freguesia do Ó

Foto Edu Garcia/R7 - 11.02.2022

O MPF (Ministério Público Federal) de São Paulo pediu esclarecimentos ao iFood e duas agências de comunicação responsáveis citadas em reportagem da Agência Pública acerca de uma campanha de marketing velada contra entregadores de aplicativo e suas reivindicações.

Segundo o veículo, a empresa de app havia contratado as duas agências em uma ação que envolveu páginas de Facebook e perfis falsos em redes sociais, a fim de, se passando por motofretistas, desmobilizar movimentos e protestos dos trabalhadores sobre duas rodas, que demandavam aumentos nas taxas e melhores condições de trabalho.

A campanha das duas agências (Benjamim Comunicação e Social Qi) teria durado de julho de 2020 a novembro de 2021, se utilizando de páginas e perfis que, simulando a fala dos trabalhadores – com gírias e erros gramaticais, inclusive –, criticavam as demandas dos entregadores e defendiam o iFood nas redes sociais.

Em resposta aos fatos relatados, com intuito de apurar se a campanha violou o direito constitucional de acesso à informação, o MPF solicita que a empresa de aplicativo preste informações sobre a reportagem em até 15 dias.

O prazo de uma quinzena também foi posto para que as duas agências mostrem cópias de documentos e contratos firmados com o iFood, bem como deixem de manipular ou excluir perfis que possam ter sido usados na campanha de marketing.

“Tal direito, bem interpretado, não se reduz à possibilidade jurídica de ser receptor da expressão de outrem, englobando, muito além, a possibilidade jurídica de obter conteúdos informativos qualificados - sendo afetado, portanto, por práticas de desinformação que, como a noticiada, são organicamente produzidas e financiadas para alterarem a percepção coletiva da população como um todo, sobre certos assuntos”, escreveu o órgão, em nota.

A reportagem do R7 procurou pelo iFood e as duas agências citadas na ação do MPF.

A empresa de aplicativo afirmou que “segue à disposição do órgão para prestar os esclarecimentos devidos”.

A Social Qi não respondeu até a publicação desse texto, e a Benjamim Comunicação não foi encontrada.

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