Mulher acampada dá à luz e bebê morre no Largo do Paissandu
Companheiro e médico voluntário tentaram ajudar no parto, mas bebê não resistiu. Encaminhada à Santa Casa de São Paulo, mulher está sob cuidados
São Paulo|Fabíola Perez, do R7, e Rafael Custódio, da Agência Record
Uma mãe entrou em trabalho de parto no início da noite da quarta-feira (6) e perdeu o bebê no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. Grávida de quatro meses, Jackeline da Silva Moraes é uma pessoas das desabrigadas, acampadas nas barracas improvisadas na praça, após o desmoronamento do prédio Wilton Paes de Almeidaem maio desse ano.
Em entrevista ao repórter Álvaro Zanotti, da RecordTV, moradores afirmaram que o socorro demorou a chegar. A bebê nasceu, mas morreu a caminho do hospital. “Vou pedir forças só para Deus porque não sei o que vou falar para ela, não sei como vou estar e qual vai ser a minha reação”, diz Rafael Alves Ribeiro, pai da criança.
O morador da praça Lucas, também desabrigado, conta que policiais o teriam obrigado a sair de perto da ambulância. “O policial veio com a arma em punho e mandaram a gente sair. O policial disse que não tinha obrigação de vir ajudar. Ele podia pelo menos chamar o SAMU mais rápido”, disse ele.
“Queria perguntar para alguém que disse que meu cheque estava liberado, se esse cheque vai trazer a vida da minha filha de volta. Se um cheque depois de 37 dias é mais importante do que uma vida”, diz Rafael.
De acordo com o boletim de ocorrência, quando os policiais militares chegaram ao local encontraram o companheiro da gestante, que já estava em trabalho de parto.
Segundo ele, o parto começou por volta das 17h30, quando a mulher passou a sentir fortes dores. Os policiais acionaram o resgate, quando o pai da criança já estaria tentando auxiliar na retirada do bebê, de acordo com o boletim de ocorrência.
Um médico voluntário, que estava próximo ao local, se aproximou para dar continuidade ao parto até a chegada do resgate. Segundo o companheiro da gestante, o socorro chegou somente às 18h43.
Com a chegada do resgate, a gestante foi encaminhada, ainda em trabalho de parto, ao pronto-socorro da Santa Casa de São Paulo.
Na ambulância, o marido da gestante teria dito aos policiais que o parto foi finalmente concluído. No entanto, o médico percebeu que a criança estava roxa e aparentemente sem vida.
A mulher e a bebê, que se chamaria Vitória, foram encaminhadas à Santa Casa, onde a menina chegou sem vida. A mãe está internada sob cuidados médicos. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para realização de exames.
A ocorrência foi registrada no 2º DP do Bom Retiro.
Outro lado
De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU SP) informou que "o chamado do caso deu entrada na central às 18h27 desta quarta-feira (6). Enquanto estava em regulação para o atendimento, foi verificado que uma Unidade de Resgate do Corpo de Bombeiros ja estava à caminho do atendimento às 18h33."
O SAMU acompanhou o caso, cancelando o chamado apenas às 19h25, após confirmação do atendimento pelo Corpo de Bombeiros. "Portanto, não houve demora no atendimento do chamado", informou o órgão por meio de nota.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, a Polícia Militar afirma que no início da noite da terça-feira (06) foi acionada para atendimento emergencial a uma gestante que já estava em trabalho de parto, na região central da capital.
De acordo com informações da PM, a primeira equipe a chegar constatou que o bebê se encontrava em uma posição "sentada", caracterizando o chamado "parto pélvico".
"Verificando tal situação houve o acionamento de equipe do Corpo de Bombeiros que, diante da situação deu o suporte necessário, fazendo o deslocamento da mãe e bebê à Santa Casa de Misericórdia. O bebê, infelizmente, faleceu. A mulher permanece internada sob cuidados médicos."