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Mulher foi espancada até a morte no Guarujá por causa de boato na internet

Vizinhos agrediram vítima por causa de retrato falado de suposta sequestradora de crianças

São Paulo|Do R7, com Rede Record

Fabiane teve o rosto desfigurado e não resistiu à agressão
Fabiane teve o rosto desfigurado e não resistiu à agressão

Fabiane Maria de Jesus, 33 anos, moradora do Guarujá, litoral paulista, morreu na manhã desta segunda-feira (5) por causa de um boato, espalhado por uma rede social, de que havia uma sequestradora de crianças na região. A investigação policial aponta para o rumor como motivo do crime e afirma que não havia nenhum boletim de ocorrência sobre sequestro de menores no Guarujá.

Fabiane foi amarrada, espancada e arrastada, no último sábado (3), por um grupo de moradores do bairro Morrinhos, no Guarujá. A agressão foi registrada em vídeo e, segundo os vizinhos, ela estava apanhando por ser a mulher que estava sequestrando crianças na região.

Duas imagens circulavam pelas redes sociais: um retrato falado, e uma foto de uma mulher. O primeiro, na verdade, pertence a um caso de 2012, ocorrido no Rio de Janeiro. Já a fotografia remete a uma página de humor no Facebook, chamada “Jaciara Macumbeira”.

A página Guarujá Alerta, que tem mais de 50 mil curtidas, é apontada pela família como responsável por publicar a foto que gerou o boato. A página, voltada para denúncias na região, chegou a receber diversas mensagens de internautas sobre a existência da suposta sequestradora. No dia 28 de abril, a página alertou que não havia registro policial de sequestro na cidade, e que “tudo não passava de boatos”. Essa publicação foi compartilhada por 115 usuários.


Boato chegou a ser alertado por página no Facebook
Boato chegou a ser alertado por página no Facebook

No dia seguinte, a página mais uma vez publicou que o caso era um boato, e colocou os links que esclareciam o retrato falado e a imagem de uma mulher, que circulavam na internet. Essa publicação teve 175 compartilhamentos.

Procurada pelo R7, a administração do Guarujá Alerta não se manifestou sobre o assunto. Na manhã desta segunda-feira, a página publicou que não se manifestaria sobre o assunto para não atrapalhar o trabalho da polícia.


Moradores chegaram a afirmar para a reportagem da Rede Record que ela "estava pegando crianças" e "tentou comprar uma criança com uma banana".

Outra moradora disse que os filhos não podiam mais ir ao colégio por causa dos sequestros.


Fabiana, que também foi arrastada no meio da rua, teve ferimentos graves e chegou a ser socorrida com vida. O Corpo de Bombeiros a encontrou com os pés amarrados e o rosto desfigurado.

Ela foi internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital Santo Amaro, com traumatismo craniano.

Em declarações à imprensa local, um homem que se dizia marido dela garantiu a inocência de Fabiana, afirmando que ela era portadora de transtorno bipolar e fazia acompanhamento médico. Ela também era mãe de dois filhos, um de 12 e outro de um ano.

A agressão agora é investigada pelo 1º Distrito Policial.

Justiceiros

A ação de grupos de justiceiros tem ganhado cada vez mais repercussão no Brasil. Em fevereiro, um adolescente de 15 anos foi preso a um poste, deixado nu e agredido por um grupo de homens, no Flamengo, zona sul do Rio de janeiro. Ele e outros dois colegas eram suspeitos de ter roubado bicicletas na região. À polícia, o rapaz disse que foi atacado com capacetes, rasteiras e joelhadas por cerca de 30 pessoas.

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Uma artista plástica postou fotos do adolescente no Facebook. A apresentadora do SBT Rachel Sheherazade fez um comentário dizendo que a atitude dos agressores "é compreensível" e, nas redes sociais, gerou polêmica sobre fazer justiça com as próprias mãos.

Outro caso emblemático aconteceu também no Rio de Janeiro, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Igor de Oliveira Falcão, de 20 anos, aparece em um vídeo sendo executado no meio da rua. Ele seria um assaltante da região.

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