'Não é um feriado de lazer', diz secretário da Saúde de São Paulo
Estado e municípios estão antecipando feriados para tentar diminuir circulação de pessoas entre amanhã e a próxima segunda-feira
São Paulo|Do R7
A antecipação de dois feriados municipais e de um estadual em São Paulo, a partir de quarta-feira (20), é tida pelo governo como uma alternativa para aumentar o índice de isolamento social, como forma de diminuir a taxa de transmissão do coronavírus. Mas o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, pediu à população que permaneça em casa pelos próximos dias.
"Não é um feriado de lazer. É um feriado em casa, justamente com a obrigação nossa, como cidadão, de colaborar para que o distanciamento social se coloque em uma taxa que seja compatível com aquilo que a gente espera, que é diminuir a transmissão da epidemia", declarou em entrevista coletiva nesta terça-feira (19).
O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, Dimas Covas, ressaltou que o objetivo do feriado prolongado é obter índices de isolamento social próximos daqueles registrados em domingos e feriados anteriores.
"Estes dias que se aproximam, estes feriados, eu não enxergo como feriado, mas enxergo como dias de batalha, os dias mais importantes desta batalha contra o vírus. Nestes dias, a população terá a oportunidade de fazer a sua parte, de mostrar que o vírus pode ser contido."
Covas acrescentou que um isolamento acima de 60% "daria conforto para o que vai acontecer nas próximas semanas".
"Temos que agir neste momento para que nós possamos ter o reflexo disso daqui 15 dias, daqui 20 dias, que é o que estará acontecendo na fase mais grave, na fase mais feroz da epidemia. [...] É um esforço enorme neste momento para que medidas mais duras que irão prejudicar a todos não sejam necessárias."
O período citado por ele é o tempo médio de incubação do coronavírus. Ou seja, quem estiver se contaminando agora vai adoecer daqui a duas semanas.
A antecipação dos feriados é apontada como uma das últimas alternativas do governo para tentar manter a população em casa.
Se a taxa de ocupação das UTIs subir, é possível que a região metropolitana não tenha outra opção que não seja o lockdown (restrição total da circulação de pessoas).
Litoral deve ter bloqueios
O secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, afirmou que prefeitos de todo o litoral poderão criar bloqueios na entrada dos seus municípios, para evitar a entrada de turistas, assim como as instâncias turísticas.
"O estado irá apoiar as restrições que essas prefeituras implementarem nos seus territórios."
Vinholi disse estar conversando com prefeitos da Grande São Paulo e que dez municípios já enviaram ao Legislativo projetos para antecipar feriados locais.
Curva em crescimento
"Estamos em uma fase de ascensão da epidemia, portanto a epidemia está ganhando força. Essas medidas [quarentena] durarão por um bom tempo até que nós tenhamos um controle, até que essa curva mude a sua inclinação e comece a decrescer", afirmou Dimas Covas.
Nesta terça-feira, São Paulo contabiliza um total de 65.995 pessoas com diagnóstico confirmado de covid-19, incluindo 5.147 óbitos.
Entre casos confirmados e suspeitos, 3.659 pessoas estão internadas em UTIs do estado. Outras 5.902 permanecem em enfermaria.
A taxa de ocupação das unidades de terapia intensiva destinadas ao tratamento da covid-19 no estado é de 71,4%. Entretanto, na região metropolitana da capital, é de 88%.