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Novo ouvidor já foi demitido por intermediar envio de dinheiro

Como ouvidor das polícias, ele terá a função de encaminhar demandas de todos os tipos de abusos cometidos pela Polícia Militar contra cidadãos 

São Paulo|Do R7

O advogado Elizeu Soares Lopes
O advogado Elizeu Soares Lopes

Ligado ao PCdoB, o advogado Elizeu Soares Lopes, indicado pelo governador João Doria (PSDB) para ocupar cargo de ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo, foi demitido da Prefeitura de São Paulo ainda na gestão Doria por intermediar o envio de um envelope com R$ 3 mil do vereador Camilo Cristófaro (PSB) para o então secretário de Mobilidade e Transportes, Sérgio Avelleda.

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Na ocasião, em novembro de 2017, o secretário chamou a polícia ao receber a quantia, que estava em uma sacola da marca Gucci. Segundo Avelleda disse na época, Elizeu Soares Lopes teria afirmado que o envelope era um “presente” de Camilo ao secretário - o vereador do PSB tinha no combate a radares de trânsito uma de suas principais bandeiras. Apesar de ter chamado a polícia, não houve registro de boletim de ocorrência.

O vereador, ao ser interpelado pelo secretário por telefone, deu outra versão para o dinheiro. Ele afirmou, na época, que houve uma confusão, e a quantia seria para o próprio Lopes, que havia lhe pedido ajuda. Teria sido Lopes que fez a confusão e achado que o dinheiro era para Avelleda, segundo essa versão. Nesta quarta-feira (6), Cristófaro reafirmou a narrativa. “Sustento esse cara desde 2011”, disse o vereador. “Ele vinha de gabinete em gabinete, sempre pedindo dinheiro”, complementou. “Agora ele vai ser o ouvidor das polícias”, questionou, antes de dizer um palavrão.


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O novo ouvidor foi contatado pela reportagem, mas disse que estava em uma reunião e não deu entrevista. Sobre o caso do envio de dinheiro, revelado pela rádio CBN, Lopes confirmou à época, ao jornal Folha de S.Paulo, a versão dada por Cristófaro e disse que havia se confundido, assumindo ter recebido uma ajuda do vereador Cristófaro.

Como ouvidor das polícias, o advogado terá a função de encaminhar demandas de todos os tipos de abusos cometidos pela Polícia Militar contra cidadãos. Ele assumirá os trabalhos de Benedito Mariano, atual ouvidor, que encampou as cobranças sobre esclarecimento das mortes de nove pessoas pisoteadas na favela de Paraisópolis, quando PMs acabaram com um baile funk com bombas de gás.


O ouvidor é escolhido pelo governador, que analisa uma lista tríplice feita pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe). Na atual eleição, ocorrida em dezembro, Benedito Mariano obteve 9 dos 25 votos disponíveis. Lopes, que ficou em último na lista, teve 5, e recebeu a indicação do governador Doria, que tem na segurança pública uma de suas principais plataformas eleitorais.

Lopes era lotado na Secretaria Municipal de Promoção à Igualdade Racial na Prefeitura durante a gestão Fernando Haddad (PT), chegando a ser secretário-adjunto da Pasta. Na gestão Doria, manteve-se na prefeitura, em cargo de comissão, até o ocorrido com Avelleda.


A reportagem questionou o Palácio dos Bandeirantes sobre a escolha e aguarda resposta.

Avelleda, o secretário que chamou a polícia após ver o dinheiro em 2017, não foi localizado.

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