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Novo secretário, general do Exército terá desafio de combater facções

Especialistas apontam redução de latrocínios, combate ao crime organizado e integração das polícias como prioridades de secretário de segurança

São Paulo|Fabíola Perez, do R7

General João Camilo Pires de Campos é novo secretário de Segurança Pública
General João Camilo Pires de Campos é novo secretário de Segurança Pública

O general da reserva João Camilo Pires de Campos, anunciado nesta terça-feira (13) pelo governador eleito João Doria como novo secretário de Segurança Pública terá entre suas principais missões, o combate a ação das organizações criminosas em São Paulo, a redução do número de latrocínios e a integração das polícias civis e militar no Estado.

Para o professor do Núcleo Especializado em Políticas Públicas da Universidade de São Paulo, Leandro Piquet Carneiro, o novo secretário terá que enfrentar o crime organizado. "Ele vai precisar se alinhar muito bem com a Secretaria de Assuntos Penitenciários. A inteligência do sistema prisional é fundamental para o trabalho de investigação", diz.

O coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo e ex-Secretário Nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho acredita que a nomeação de um general, e não de um promotor do Ministério Público como costumava ocorrer, é positiva para a renovar a gestão da pasta. "Há um estereótipo em cima da imagem de um militar", diz o coronel. 

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Segundo Silva Filho, o general da reserva possui competências como capacidade de planejamento. "Ele deve fazer um equilíbrio e estabelecer um novo padrão para integrar as polícias", diz. O consultor em segurança pública acredita que a Polícia Civil precisa de mais treinamento do que possui atualmente. 

"A prioridade é robustecer a máquina por meio da integração das duas polícias, ajustar as estruturas e os horários de trabalho", afirma o coronel. O crime contra o patrimônio é, segundo ele, outra grande preocupação para a pasta. "Para ser contido precisa da integração das polícias."


O desafio, segundo Carneiro, é solucionar problemas específicos das polícias. "A militar poderá ter dificuldades com a própria aceitação do comando de alguém que não é do meio. A civil tem problemas mais sérios de organização. A Corregedoria vai ter que trabalhar muito para colocá-la no eixo."

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O coronel Silva Filho diz ainda que o general precisará melhorar o sistema de inteligência para combater o crime organizado do estado. "A questão prisional poderá afetar a segurança pública, a transferência de líderes de facções entre presídios pode ser um problema.

Militar gestor

Segundo Carneiro, João Camilo é um general "de liderança forte, boa oratória e bem articulado". O professor da USP e o general da reserva atuaram juntos em grupos de desenvolvimento de políticas de segurança Pública. "Ele sabe sentar para conversar e acolher", afirma. "Ao contrário do esteriótipo do militar, ele não bate na mesa e fala 'é assim que vai ser'. Ele é um ouvinte como poucos."

"Como militar ele teve diversas funções de comando de policiamento em grandes eventos, atuou na garantia da lei da ordem e tem domínio operacional técnico", diz o professor.

O fato do novo secretário ser um general, explica Carneiro, não significa uma tendência à militarização na segurança. "Um militar do padrão dele é um líder de alta qualidade e pode desempenhar qualquer função. Ele tem uma formação de gestor. Ele é, antes de tudo, um gestor. Não significa que ocorrerá a militarização das estruturas."

Para ele, a Secretaria de Segurança deveria recuperar o sistema de metas de desempenho para reduzir crimes como latrocínios e homicídios. Carneiro afirma também que o índice de letalidade policial se deve à capacidade do crime organizado nas ruas. "Isso gera confrontos mais pesados entre policiail e infratores."

O tenente coronel Adilson Paes de Souza afirma que a mudança no perfil do secretário escolhido para a pasta é coerente com o discurso adotado pelo governador eleito, João Doria. "Não causa surpresa dentro do que foi falado em campanha, foi adotado um discurso de eliminação o inimigo."

Segundo ele, a segurança pública em São Paulo possui um perfil militarizado, com alta letalidade policial. "A situação já é grave, não se pode dizer que vai piorar somente porque ele é um militar. Tudo depende do discurso adotado por ele", afirma. 

A presidente do Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), Raquel Gallinati, afirma que o novo secretário deverá valorizar o trabalho dos delegados de polícia. "É preciso investir em estrutura, tecnologia e armamentos, garantir a autonomia e a integração entre as polícias."

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