‘Nunca esperei passar por isso’, diz mãe de sequestrador que se entregou à polícia

A mãe de criação do homem envolvido no sequestro de um casal na zona norte de São Paulo, que se entregou à polícia, deu um depoimento à Record TV para lamentar a atitude do filho.

“Nunca esperei passar por isso, não. Já passei por muitas coisas, mas isso aí, não. A gente acha que não vai acontecer com a gente”, disse ela, com a voz embargada. A identidade da mulher foi preservada.

A mãe relatou que, ao saber do sequestro e que o filho estava envolvido, saiu às pressas e correu o risco de se acidentar.

“Quando minha filha ligou pra mim dizendo que ele estava pedindo socorro, que tava baleado de raspão... Nunca tinha nem vindo pra esses lados. Peguei o carro, podia ter batido”, disse ela. “Me coloco no lugar de qualquer mãe, que ele se entregue”, pediu a mulher instantes antes de as negociações com a polícia terminarem e de o homem liberar as vítimas para ser detido.

O sequestro

A ocorrência começou às 6h40, na avenida das Cerejeiras, na Vila Maria, também na zona norte, quando três suspeitos abordaram um casal a caminho do trabalho. Pessoas que presenciaram o crime acionaram a corporação para um roubo com vítima. Mas não souberam informar a placa do carro, somente as características.

As equipes iniciaram as buscas, quando o veículo, um Land Rover modelo Velar, do ano de 2021, passou pelo radar do Projeto Detecta, próximo ao Sambódromo do Anhembi. O automóvel é avaliado em mais de R$ 500 mil.

Com isso, as viaturas intensificaram as buscas. Na rua Eurídice Bueno, na altura da estrada do Sabão, na Vila Serralheiro, o carro foi visto. As equipes deram a ordem de parada, que não foi obedecida.

O terceiro homem, identificado somente como Bruno, de 30 anos, permaneceu dentro do carro e manteve o casal refém por cerca de três horas. Segundo a polícia, a demora para que ele se entregasse se deu porque o sequestrador realizava transferências via Pix das contas bancárias das vítimas.

O homem fez quatro exigências à polícia: uma água, um cigarro, a presença da mãe e de um advogado. A namorada do suspeito também esteve no local. As negociações ocorreram por meio de chamadas de vídeo.

Após cerca de três horas, por volta das 9h50, Bruno liberou, primeiro, a mulher. Em seguida, desceu do carro, usando o homem como escudo. Desarmado, ele ergueu os braços e se entregou. 

Mais tarde, outros dois suspeitos foram presos. Eles são acusados de emprestar suas contas bancárias para a realização do esquema criminoso.