Onda de crimes no centro antigo de SP assusta frequentadores
Trabalhadores de empresas no Largo da Misericórdia, ao lado da Sé, denunciam a ocorrência de uma série de assaltos no local
São Paulo|Cesar Sacheto, do R7
Uma nova onda de assaltos a pedestres e transeuntes tem assustado a população que frequenta a região da Sé, marco zero de São Paulo. A denúncia partiu de pessoas que trabalham no Largo da Misercórdia, na esquina com a rua Direita, outros dois pontos históricos da capital paulista, que afirmam ter presenciado até uma dezena de ataques criminosos em apenas um dia.
De acordo com os relatos de testemunhas, o problema se intensificou a partir de meados de janeiro deste ano. Os ladrões circulam diariamente pela região, são conhecidos de lojistas, comerciantes e outros trabalhadores. E bastante agressivos.
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Uma funcionária de um estabelecimento comercial, que preferiu não se identificar por receio de represálias dos assaltantes, revelou que flagrou uma abordagem em que os ladrões sacaram uma arma e dispararam para o alto com o intuito de intimidar a vítima.
"Todos os dias, conseguimos ver uns cinco assaltos. E sempre as mesmas pessoas. Teve um assalto em que eles já atiraram para cima, ali na rua do ouro. Mas geralmente são trombadinhas, que pegam celulares, o que tiver mais fácil. E agora estão roubando muita correntinha que eles deduzem que seja ouro", contou a jovem que flagrou a ação de policiais militares após mais um roubo, ocorrido na manhã desta sexta-feira (5).
Sem muitas opções de defesa, as pessoas que precisam frequentar a região procuram evitar o uso de objetos que atraiam a atenção dos criminosos. "Estou evitando levar bolsa muito grande [para o trabalho. Geralmente, vou sem relógio, pulseiras", completou.
Crimes à luz do dia
Os assaltos ocorrem, em sua maioria, durante o horário comercial, pois é o período do dia que concentra o maior número de pessoas nas ruas. Além do temor pela violência, as pessoas estão assustadas pelo consumo de entorpecentes na região e o desrespeito às regras sanitárias em plena pandemia.
"Se você vir como está. Aquelas pessoas vendendo coisas. Fora que tem drogas e eles sem cuidado nenhum contra a covid, ninguém de máscara. Um descaso só", contou outra mulher que trabalha na mesma região. "Nossos governantes, infelizmente, cada dia mais só pensam no umbigo deles. Uma vergonha para a gente que paga impostos", questionou.
Problema antigo
A ação de assaltantes na região da Sé, assim como em outros pontos do centro velho da cidade, é um problema antigo e crônico, que preocupa as forças da segurança pública. A repressão a esse tipo de prática criminosa demanda ações integradas das Polícias Civil e Militar em patrulhamento e operações específicas.
"Realmente, é sim o que preocupa. Não, não só no centro como em São Paulo: os furtos e roubos a transeuntes. Principalmente, o telefone celular, que é o carro chefe", declarou o delegado assistente da 1ª Seccional de Polícia de São Paulo, Percival de Moura Alcântara.
O delegado de polícia assegurou que o Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital) tem empreendido esforços na instauração inquéritos policiais, investigações de base, pedidos de prisão e mandados de busca.
"A gente atua em algumas operações específicas, como a Mobile, referente a coibir o assalto, furto, roubo de celulares e receptação. Tems algumas ações que a gente faz na região central. É uma preocupação constante da polícia", enfatizou o delegado Percival de Moura Alcântara.
A Polícia Civil planeja novas operações nesta área do centro para os próximos dias com o objetivo de inibir a ação dos assaltantes e outras práticas criminosas.
Estatísticas
Apesar da percepção e dos relatos de populares, a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo) revelou que ações conjuntas entre as polícias Civil e Militar possibilitaram redução de 16,9% nos roubos em geral e de 38,9% nos furtos em geral, em janeiro de 2021, em comparação com o mesmo mês do ano passado, na área do 1° DP (Sé).
Ainda segundo nota enviada ao R7, em 2020, também houve queda, de 5,9% nos roubos e 35% nos furtos, ante 2019. No ano passado, foram presos 413 suspeitos em flagrante pela região e, em janeiro deste ano, 42.
"O policiamento ostensivo e preventivo na região é reorientado pela Polícia Militar e intensificado quando necessário e com base na análise dos índices de ocorrências criminais. O efetivo atua na região por meio dos programas Força Tática, de Ronda Escolar, ROCAM e Policiamento Comunitário", completou o texto.
No comunicado, a pasta também ressaltou a importância de o munícipe registar o boletim de ocorrência para que os crimes sejam investigados e para embasar as políticas de segurança pública.
Fase vermelha deverá reduzir circulação no centro
Durante a fase vermelha do Plano SP de combate à covid-19, determinada pelo governador João Doria (PSDB) e caracterizada pelo fechamento de todos os serviços não essenciais na capital paulista, é esperada a queda na circulação de pessoas. Com isso, existe a probabilidade de o número de abordagens criminosas também ser reduzido enquanto as medidas restritivas estiverem em vigor.