Ouvidoria: suspeitos de Guararema morreram com tiros à queima-roupa
De acordo com relatório da Ouvidoria da Polícia, pelo menos quatro suspeitos não apresentaram resistência, o que teria indicado excesso da PM
São Paulo|Kaique Dalapola e Guilherme Padin, do R7
Relatório da Ouvidoria de Polícia de São Paulo aponta que quatro suspeitos de participarem de um assalto a banco em Guararema, a cerca de 80 km de São Paulo, foram mortos com tiros à queima-roupa pela Polícia Militar.
A ação de policiais militares da Rota e do Batalhão de Choque (com apoio de dois PMs locais e um policial ambiental), que aconteceu em abril deste ano e teve grande repercussão, terminou com 11 suspeitos mortos.
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Na avaliação da Ouvidoria da Polícia do Estado, não foram seguidos dois dos quatro conceitos – oportunidade, necessidade, proporcionalidade e qualidade – do chamado método “Giraldi – Tiro Defensivo na Preservação da Vida”: os de proporcionalidade e qualidade.
De acordo com o ouvidor de polícia, Benedito Mariano, é importante destacar que, embora aponte as irregularidades, "a Ouvidoria da Polícia reconhece a legitimidade da ação policial no enfrentamento de quadrilha organizada com aramamento pesado".
Conforme o relatório da ouvidoria, há "indícios de excesso na legítima defesa", pois pelo menos três dos mortos foram atingidos por tiros a uma distância média de 15 cm e um à distância de 30 cm.
Portanto, o órgão julga “ser importante a reconstituição da ação pela corregedoria da Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Técnica Científica”.
O documento ainda aponta que em um policial civil, irmão do morto Jean Santos Souza, teria negociado a entrega do suspeito sem resistência. O homem teria se entregado e, mesmo assim, foi alvo de disparos a cerca de 30 cm de distância.
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O policial civil prestou depoimento ao Condenpe (Conselho Estadual de Direitos Humanos) e disse que negociou a entrega do irmão com um sargento. O PM teria confirmado a negociação.
O laudo ainda identificou que, das viaturas danificadas, apenas três foram atingidas por tiros (nos faróis). A maioria das viaturas teve danos causados por ‘miguelitos’ (ou estrepes), objetos antiveículos com pregos retorcidos colocados em estradas para furar pneus.
Sobre o relatório emitido pela ouvidoria, a Polícia Militar informou "que não se manifestará acerca do relatório produzido pela Ouvidoria. Ainda esclarece que o Inquérito Policial Militar foi encerrado e encaminhado à Justiça".