Para delegado, inquérito pode ser concluído antes do prazo
Itagiba Franco diz duvidar que novos documentos provoquem reviravolta no caso
São Paulo|Thiago de Araújo, do R7

Menos de 24 horas depois dos cinco corpos terem sido encontrados na casa da família Pesseghini, no dia 5 de agosto, na Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo, o delegado Itagiba Vieira Franco, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), já apontava Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, de 13 anos, como o provável autor da chacina, tendo se suicidado horas depois.
Muito criticado à época pelo posicionamento, feito de maneira tão rápida, Itagiba se mostra tranquilo com o andamento do caso. As mais de cem páginas de laudos produzidos por peritos apontam na direção que os policiais trabalham desde o início. Entretanto, o próprio delegado admitiu, em entrevista ao R7, que os documentos que ainda estão sendo analisados não revelam o motivo do crime.
— Não há nada neles sobre isso [motivação], mesmo porque o laudo é objetivo, a parte técnica. Já a motivação é subjetiva, a gente não pode saber.
Não por acaso, Itagiba convidou o psiquiatra forense Guido Palomba para colaborar com a polícia no caso. O profissional ficou responsável por traçar um perfil psicológico de Marcelo Pesseghini, a fim de esclarecer o que fez o adolescente que, segundo a família, não tinha um perfil violento, a cometer uma chacina.
— A motivação é difícil. Vamos ter que sugerir hipóteses. Inclusive, com a colaboração do doutor Guido Palomba, talvez a gente chegue a uma motivação, o que depende agora da análise do psiquiatra para ver se ele chega a uma conclusão para auxiliar a gente. Se ele não conseguir, [a causa do crime] vai permanecer desconhecida.
Entenda o caso da família morta na Vila Brasilândia
Marcelo Pesseghini ameaçou a mãe antes do crime, diz testemunha à polícia
Guido Palomba prometeu apontar uma explicação embasada para justificar a ação do filho do casal Luís Marcelo Pesseghini, de 40 anos, sargento da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), pai dele, e a cabo do 18º Batalhão da PM, Andréia Regina Bovo Pesseghini, de 35, mãe do adolescente. Além deles, foram também mortas a avó, Benedita Oliveira Bovo, de 65, e a tia-avó Bernadete Oliveira da Silva, de 55.
Com a conclusão do estudo dos laudos periciais e o perfil psicológico feito por Palomba, Itagiba acredita que o inquérito possa ser concluído talvez até antes do novo prazo de 30 dias, solicitado pelo próprio DHPP.
Dados telefônicos ainda são desconhecidos
Além do trabalho de Guido Palomba, a polícia também continua aguardando o envio dos dados telefônicos dos telefones celulares da família Pesseghini. Tais dados ainda não foram enviados, de acordo com o delegado Itagiba Franco. Contudo, ele não acredita que os documentos possam trazer uma reviravolta à principal linha de investigação, mas julga importante que tudo seja analisado.
—Isso é demorado mesmo, envolve toda uma burocracia. Não dá para saber se terão alguma importância ou não. É receber e analisar, não sabemos se é mais ou menos importante.
Os investigadores ainda querem saber com quem Marcelo Pesseghini e as vítimas possam ter conversado por telefone antes da chacina, ou se os aparelhos foram utilizados após os assassinatos das cinco pessoas na Brasilândia.
Não há novos depoimentos agendados para esta semana, situação que pode ser modificada com a conclusão da análise dos laudos e dos dados telefônicos, tão logo a documentação chegue ao DHPP.















