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PM que ameaçou 'quebrar cara de mulher' na zona oeste é afastado

Ouvidoria afirma que todos os PMs envolvidos devem ser afastados e que investigação deve ser conduzida pela Corregedoria e não pelo 4º Batalhão

São Paulo|Fabíola Perez, do R7, com Agência Estado

Polícia usou bombas e balas de borracha em ação na zona oeste de SP
Polícia usou bombas e balas de borracha em ação na zona oeste de SP Polícia usou bombas e balas de borracha em ação na zona oeste de SP

Um inquérito policial militar foi instaurado pelo 4º Batalhão para investigar a conduta do policial suspeito de ameaçar uma mulher atingida por bombas e balas de borracha disparadas contra foliões na Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, na noite da terça-feira (5). Os materiais deixaram pelo menos três pessoas feridas. 

A SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) informou, por meio de nota, que ele está afastado do trabalho operacional. "A Corregedoria acompanha a investigação. A instituição não compactua com eventuais desvios de conduta de seus agentes."

De acordo com o ouvidor das Polícias de São Paulo, Benedito Mariano, todos os policiais que participaram do uso desnecessário do equipamento deveriam ser afastados das atividades da rua. "Toda a ocorrência foi instaurada pelo batalhão em que ele atua. Pedimos que seja investigada pela Corregedoria da Polícia, que tem experiência para investigar excessos."

Marino afirmou que enviou um ofício com o pedido na quinta-feira (7). "No entendimento da Ouvidoria houve uso desnecessário de equipamento, a via não estava obstruída, não havia necessidade de balas de borracha, spray pimenta." Além disso, o ouvidor classificou como "absurda" a fala do policial militar que teria ameaçado a mulher. 

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Na noite da terça-feira, policiais militares usaram bombas e balas de borracha contra foliões na Barra Funda, zona oeste de São Paulo. As vítimas relataram que o bloco do qual participavam já tinha se dispersado e poucas pessoas permaneciam nas ruas da região quando foram surpreendidas pela ação, considerada truculenta.

Ao pedir providências no batalhão depois de ser ferida, uma mulher foi ameaçada por um policial militar. Ele disse a ela que disse que "não tinha cerimônia para quebrar cara de mulher". Na delegacia, policiais civis se recusaram a registrar o caso.

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Atuação violenta

De acordo com a artista Paula Klein, de 42 anos, diretora do Bloco Agora Vai, o grupo seguiu todas as orientações previstas para dispersão e não havia motivo para atuação violenta da Polícia Militar. Junto à Prefeitura, o bloco registrou que esperava até cinco mil pessoas para, das 15h até as 20h, seguir um curto trajeto por ruas da Barra Funda. Paula diz que por causa da chuva, o bloco foi encerrado mais cedo, às 19h, e às 22h todas as vias da região estavam liberadas para tráfego de carros.

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"A Polícia Militar sempre foi grande parceira do nosso bloco. O relacionamento é ótimo há 15 anos e esse ano não foi diferente. Por isso que a ação nos surpreendeu. Mandaram um pessoal despreparado para lidar com o público de Carnaval. Trataram foliões como marginais. O Carnaval foi manchado pela polícia", disse.

Segundo ela, a polícia chegou ao local às 20h para conversar. Nesse horário, o som do bloco já estava desligado, segundo relatou. "Já estava acontecendo a dispersão natural. Não precisava atuar de modo truculento, estávamos dentro do horário. Fomos conversando com os nossos foliões e havíamos liberado a via (rua João de Barros)", disse. Depois, segundo ela, por volta das 22h30, a tropa voltou, dessa vez com bombas e tiros de borracha.

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Um dos atingidos pelos disparos foi a atriz Thaís Campos Soares, de 36 anos; o seu namorado, o músico Lincoln Antonio, de 48 anos também ficou ferido. Ela disse que estava na rua João de Barros, "com muito pouca gente na rua", quando os policiais apareceram enfileirados, "já tacando bomba e sem conversar com ninguém". "Começaram a dar tiro, spray de pimenta. Bem truculento", disse Thaís, que foi atingida na costela.

A atriz buscou providências primeiro na sede da 3ª Companhia do 4º Batalhão da PM, em Perdizes, responsável pelo patrulhamento da área. Lá, se envolveu em uma discussão em que acabou ameaçada por um policial militar que não carregava nenhuma identificação em seu fardamento. O agente primeiro pediu que ela mantivesse distância.

À reportagem, Thaís disse que permaneceu parada. Depois, ao ser questionado por Lincoln sobre o motivo do disparo que o atingiu, o policial disse que tem de garantir "direito previsto pelo artigo 5º da Constituição, das pessoas que pagam IPVA de passarem com seus carros ali, o direito das pessoas de ter o seu devido descanso". O homem responde que estava na calçada durante todo o tempo e que o tráfego na rua estava liberado já que a rua estava vazia.

Depois, o policial fala para Thaís: "Aponta o dedinho não, se aproxima não. Você vai tomar um atropelo aqui, estou falando para você, toma distância. Não tenho nenhuma cerimônia em quebrar cara de mulher, não. Você presta atenção." O grupo então decide deixar o 4º Batalhão e busca registrar a ocorrência no 91º Distrito Policial (Ceasa). Lá, recebe a resposta de que o caso não pode ser registrado e que as vítimas devem procurar a Corregedoria. Os feridos disseram que pretendem denunciar o caso.

Quem também ficou ferido após ser atingido com um tiro de bala de borracha nas costas foi o professor Alexandre Rosa, de 36 anos. Segundo ele, o policial que o atingiu agiu depois de ter visto que ele estava filmando o que estava acontecendo. "Peguei o celular e comecei a filmar durante a correria. A PM agiu com muita violência sem nenhuma necessidade, estava tudo muito tranquilo e tinha criança e família. Ouvi quando o policial falou: 'Atira naquele que está filmando'. Virei e saí correndo e senti o tiro nas costas", relatou. A diretora Paula Klein disse que pretende reunir queixas de truculência policial não só no seu bloco para fazer uma representação ao Ministério Público.

Outro lado

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que a Polícia Militar foi acionada "por conta de interdição de via pelo Bloco Agora Vai, na rua Brigadeiro Galvão, após o horário permitido". "As equipes policiais fizeram contato com os organizadores do evento, solicitando a desobstrução da rua, mas sem acordo. Para restauração da ordem pública, foi necessária a intervenção direta para desobstrução da via pública ocupada sem autorização, com técnicas de controle de distúrbios civis no local."

Sobre o comportamento do policial que ameaçou a atriz, a SSP disse que a "instituição não compactua com eventuais desvios de conduta, colocando-se à disposição da vítima para formalização de denúncia por meio da Corregedoria da Polícia Militar".

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