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Policiais são responsáveis por um terço das mortes violentas em SP

Instituto Sou da Paz aponta ação de policiais em 32,6% das mortes na capital

São Paulo|Gustavo Basso, do R7

Sangue no chão após ação da Rota na favela do Moinho
Sangue no chão após ação da Rota na favela do Moinho Sangue no chão após ação da Rota na favela do Moinho

Uma em cada três mortes violentas ocorridas na cidade de São Paulo no primeiro semestre deste ano foi provocada por policiais, segundo levantamento feito pelo instituto Sou da Paz, divulgado nesta segunda-feira (16).

No primeiro semestre de 2017, 697 pessoas foram mortas na capital de modo violento. O número inclui homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e as mortes por policiais, relatadas oficialmente como "morte decorrente de oposição à intervenção policial". Estes casos somam 229 ocorrências.

"É importante observarmos não apenas o número de homicídios, mas também estas outras mortes para termos um termômetro mais preciso da violência", afirma Stephanie Morin, gerente de gestão do conhecimento do instituto.

O número total de mortes violentas é menor que em 2016, quando foram registrados 711 casos no primeiro semestre. No entanto, a participação de policiais aumentou, de de 29,6% em 2016 para 32,6% nos períodos comparados.

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No primeiro semestre deste ano, todas as pessoas mortas por policiais na cidade de São Paulo eram do sexo masculino e 60% delas tinha até 29 anos.

Em todo o Estado de São Paulo o envolvimento de agentes em mortes violentas foi de 18,6% dos 2.458 casos — a cada nove horas, uma pessoa foi morta por um policial no Estado, afirma o estudo.

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Letalidade e vitimização

O número de policiais mortos na capital diminui 22% entre o primeiro semestre de 2016 e o mesmo período de 2017. Ao todo, 18 agentes foram mortos nos seis primeiros meses. O número é considerado alto pelo Sou da Paz.

"A vitimização de policiais é um problema seríssimo, e não podemos diminuir a importância de políticas públicas que garantam a segurança dos policiais fora de serviço", afirma Stephanie, que ressalta um ponto do estudo que contraria "a crença de muitas pessoas". "Os dados mostram que a maior parte das mortes por policiais ocorreu com agentes em serviço, ao passo que a morte de policiais ocorreram, em sua maioria, durante a folga deles. Isso mostra que a vitimização de policiais não tem relação com a letalidade, são dados alimentadas por fenômenos diferentes, o que rejeita a tese de que policiais matam, mas também morrem em confronto", diz Stephanie. 

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Os dados divulgados pelo Sou da Paz são baseados em estatísticas da SSP (Secretaria da Segurança Pública) e pelas Corregedorias das Polícias Civil e Militar do Estado, além de dados obtidos via Lei de Acesso à Informação.

Solicitada pela reportagem, a SSP comentou o estudo e critica os dados divulgados:

"Os dados apresentados pelo instituto Sou da Paz são divergentes do levantamento divulgado pela SSP devido à soma equivocada do número de homicídios dolosos praticados por policiais ao número de mortes decorrentes de oposição à intervenção policial", comenta a nota. 

Em entrevista, a pesquisadora do instituto afirmou que homicidios dolosos cometidos por policiais, "como um agente que mata a parceira, por exemplo", não entram na estatística como morte em decorrência de intervenção policial.

A nota da SSP diz ainda que "opção pelo confronto é sempre do criminoso", e afirma:

"Nos primeiros sete meses do ano, 858 ocorrências policiais foram registradas, nas quais 2076 criminosos entraram em confronto com PMs. Destes, 17% resultaram em óbito. Os casos de mortes decorrentes de oposição à intervenção policial são investigados por meio de inquérito para apurar se a atuação do policial foi realmente legítima".

O R7 perguntou à Pasta quantos inquéritos para apurar este tipo de ocorrência foram abertos em 2017, quantos foram concluídos, e, destes, quantos apontaram alguma irregularidade na ação. No entanto a nota enviada não responde as questões. Leia a nota da SSP na íntegra.

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