Policial civil negro é agredido por policial militar branco em SP
Caso ocorreu em frente à Deatur, na região central, e foi registrado como lesão corporal, injúria racial e violência arbitrária. Agressor tirou identificação
São Paulo|Letícia Dauer, da Agência Record
Um policial civil negro foi abordado e agredido por um policial militar branco, no centro de São Paulo, na última segunda-feira (8). O caso aconteceu em frente à 1ª Delegacia de Polícia de Atendimento ao Turista (Deatur), onde a vítima trabalha.
No boletim de ocorrência, o policial civil de 39 anos relatou que, após ver três homens em atitude suspeita, decidiu abordá-los por volta das 12h45, na rua da Cantareira. Ele suspeitava que o trio estivesse se preparando para assaltar pedestres no entorno do Mercado Municipal.
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Durante a abordagem, os jovens não estavam com os documentos pessoais e um deles confessou já ter sido processado por crime contra o patrimônio. A fim de verificar a identidade e os antecedentes criminais, o agente, acompanhado de mais dois colegas, decidiu conduzí-los à delegacia.
Ainda segundo o relato da vítima, na calçada, em frente ao estacionamento da delegacia, surgiram quatro PMs em motocicletas. Um deles se aproximou do policial civil e jogou a roda dianteira da moto, acertando sua perna direita.
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Imediatamente ele gritou que também era policial e mostrou seu distintivo. Mesmo assim o "policial militar desceu da motocicleta e empurrou o policial, dando uma 'peitada', e, na sequência, lhe deu uma 'cabeçada' utilizando o capacete branco da Polícia Militar", descreveu a vítima no boletim de ocorrência.
O agressor ainda gritou "vai negão, deita no chão" e "que polícia que nada seu filho da p...". Após a agressão, outros policiais civis apareceram para interceder. Em seguida, o policial militar agressor retirou sua tarjeta de identificação do uniforme e fugiu. O caso foi registrado como lesão corporal, injúria racial e violência arbitrária na 1ª Delegacia de Polícia de Atendimento ao Turista (Deatur).
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"A conduta lamentável praticada contra um policial civil, em frente a uma Delegacia de Polícia, demonstra o quanto que cidadãos de bem estão à mercê de abusos praticados por agentes do Estado. Se um policial, devidamente identificado, em frente a uma unidade oficial do Estado, na região central de São Paulo, foi vítima de abuso, o que pode acontecer a um cidadão abordado nos rincões da cidade? No período noturno? Sem nenhuma testemunha?", criticou o delegado Marcos Paulo da Silva, responsável pelo registro do boletim de ocorrência.