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População da cidade de São Paulo aumenta 20 vezes em 100 anos

Hoje são 11,9 milhões de habitantes. Participação de maiores de 60 anos quadruplicou e caiu pela metade a de menores de 15 anos

São Paulo|Joyce Ribeiro, do R7

População de SP aumentou 20 vezes em 100 anos e chega a quase 12 milhões de habitantes
População de SP aumentou 20 vezes em 100 anos e chega a quase 12 milhões de habitantes

A cidade de São Paulo comemora seu 467º aniversário nesta segunda-feira (25) com 11,9 milhões de habitantes, segundo a Fundação Seade. Em 100 anos, a população da capital aumentou 20 vezes. Em 1920, eram 600 mil moradores da metrópole. A taxa crescia 4% ao ano na década de 1920, atingiu o ápice em 1950 (5,6% a.a) e agora cresce 0,5% ao ano.

De acordo com as projeções do Seade, a cidade de São Paulo representa 26,6% da população estadual e 5,6% da brasileira. Tornou-se a maior cidade do Brasil em 1960, quando superou o Rio de Janeiro. Hoje é mais populosa que Portugal e Grécia, semelhante à Bélgica e Bolívia e comparável aos estados do Paraná e Rio Grande do Sul. 

Gráfico mostra a população e a taxa anual de crescimento entre 1920 e 2021
Gráfico mostra a população e a taxa anual de crescimento entre 1920 e 2021

Outra mudança significativa ao longo de um século foi o aumento da idade média dos paulistanos em 12 anos. Passou de 24,6 para 36,7 anos entre 1920 e 2021.

A maior parte dos habitantes de São Paulo (65%) tem entre 15 e 59 anos. Mas a composição etária mudou muito em 100 anos. A participação dos menores de 15 anos foi reduzida à metade, caindo de 35,4% em 1920 para 18,9% em 2021. Por outro lado, o número de maiores de 60 anos é hoje quatro vezes maior: antes eles representavam 4,1% da população paulista e agora 16%.


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Para o pesquisador do Centro de Síntese Cidades Globais da USP e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, Carlos Andrés Hernández Arriagada, as cidades têm agora uma oportunidade de se reinventar para atender às novas demandas com o envelhecimento da população e com a maior expectativa de vida.

"Em 2050, os idosos serão 50% da população. Hoje o idoso é romantizado, como o avô que joga bocha. Mas, em 30 anos, terá outro perfil: mais tecnológico e passará a ter outra utilidade. Para a gestão pública, terão de ser criados novos postos de trabalho e novas demandas. Com menos jovens, os idosos vão preencher as vagas. É preciso uma requalificação e implementação de setores em saúde pública, como especialidades", explica.


Envelhecimento da população

As mudanças na composição etária do município se refletem nos 96 distritos de São Paulo. As maiores concentrações de idosos estão na região central. Mas há exceções, na Sé e no Brás, as taxas de residentes com 60 anos ou mais são de 11,7% e 13,8%, respectivamente. Enquanto no Alto de Pinheiros, na zona oeste, 29,2% da população é idosa. As menores proporções aparecem nas regiões mais periféricas, por exemplo, Anhanguera com 9,1%.

Na avaliação da Fundação Seade, entre os fatores decisivos para a mudança nos grupos etários estão a queda na taxa de natalidade e de mortalidade. "Passou de 34 para 13 nascimentos por mil habitantes nesse período, acompanhado de expressiva redução da mortalidade em todas as faixas etárias, sobretudo na mortalidade infantil: de 176 para 11 óbitos de menores de um ano por mil nascidos vivos", diz o estudo.


Segundo o pesquisador Carlos Hernández, o protagonismo da mulher contribui para esse cenário. "As famílias têm menos filhos, uma média de 1 ou 2, as mulheres ganharam autonomia e independência, o que propiciou o controle da natalidade. Elas também se tornaram parte ativa economicamente nas famílias".

O próprio idoso agora também participa mais ativamente da educação das crianças na ausência dos pais, que trabalham fora. Mas esta nova forma de emprego ainda não é reconhecida: "Não há valorização social do idoso. Eles são responsáveis pela educação familiar, mas não recebem benefícios adicionais pelo trabalho. A sociedade olha isso como uma obrigação de fim de vida, já que 'iriam ficar em casa sem fazer nada'. Mas é preciso mudar esta visão. Hoje muitas famílias vivem com a aposentadoria do idoso", ressalta o professor.

Carlos Hernández lembra também que, com a pandemia do novo coronavírus e a necessidade de as pessoas ficarem mais tempo em casa, poderá ter uma alteração no perfil etário. "As pesquisas não tinham o impacto do fenômeno epidemiólogico no modus operandi de viver: o retorno ao lar. Ficou evidente que as casas hoje não atendem às necessidades dos jovens e nem dos idosos, os dois extremos", destaca. 

Gráfico mostra a participação dos grupos etários no total da população em %
Gráfico mostra a participação dos grupos etários no total da população em %

Desafios

Para que São Paulo possa se adequar ao envelhecimento da população, será necessário adotar um planejamento a longo prazo. Em geral, o que se vê na gestão pública é a adoção de diretrizes que duram os quatro anos de governo.

"Falta uma visão estratégica de futuro, o que atravanca o desenvolvimento social humano. Precisa haver uma revisão do Plano Diretor e das normativas construtivas, as cidades não estão adaptadas para atender os idosos de hoje e nem os futuros, para que sejam independentes. É preciso rever o morar do idoso, os espaços públicos e até o verde", enfatiza Carlos Hernández.

De acordo com o Seade, o saldo vegetativo - composto por nascimentos menos óbitos - se

manteve positivo durante todo o período, apesar de apresentar redução depois da década de 1990. Enquanto em 1920 nasciam 19,7 mil bebês, hoje o número se aproxima de 160 mil. O pico de nascimentos ocorreu em 1982: 256,3 mil.

Em 100 anos, o volume de óbitos foi crescente e aumentou sete vezes: passando de 10,6 mil, em 1920, para 78 mil ao ano.

O pesquisador da USP conclui: "'Haverá um envelhecimento das metrópoles, mas isso não é ruim. Esta é a maturidade que as cidades precisam alcançar."

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