'Prefeitura de SP tem estrutura apropriada para corrupção'
O controlador Guilherme Mendes foi demitido após a saída de João Doria (PSDB). Para ele, decisão de novo secretário de Justiça foi política
São Paulo|Ingrid Alfaya, do R7
O controlador Geral do Município de São Paulo Guilherme Mendes foi exonerado oficialmente nesta sexta-feira (20), conforme publicação do Diário Oficial.
Ele sai com a posse do prefeito Bruno Covas (PSDB) e a nomeção do novo secretário de Justiça Rubens Rizek Jr. Em entrevista ao R7, o ex-controlador afirmou que a estrutura da Prefeitura de São paulo é apropriada para corrupção. "Não é o partido A, B ou C. Cada um que assume tem seus esquemas e interesses aqui dentro."
Mendes ficou oito meses a frente da Controladoria e, segundo ele, sua saída foi puramente política. "Ninguém me disse olha isso está errado ou não foi bem feito. Pelo contrário, fomos elogiados. Então foi uma questão de política", afirma. Ele ainda diz nesse tempo ficou claro os problemas estruturais do sistema. "Corrupção sempre existiu e vai existir, ela só muda conforme o interesse de cada partido."
Ele ainda avalia que sua postura frente as denúncias de desvios na PPP da iluminação, feitas pelo R7, pesaram na hora de demiti-lo. "Claro que pesou. Nossas escolhas agradam alguns e desagradam outros", disse, em refreência ao posicinamento adotado pelo órgão após recomendação do MPE (Minestério Público Estadual) de promover a apuração para verificar se houve prática de atos de improbidade administrativa por agentes públicos municipais e favorecimento ao Consórcio FM Rodrigues/CLD.
Questionado sobre sobre esses "desagrados" e a perda de autonomia nas investigações da Controladoria, após o rebaixamento na gestão Doria, ele garante que não houve mudanças. "Seria hipóctrica agora que eu sair dizer que as coisas pioraram."
Sistema vulnerável
Para ele, algumas secretárias são mais sensíveis aos desvios por causa do quadro de funcionário e grandes orçamentos. "As secretarias de Educação e Saúde são os principais alvos de corrupção por causa de suas estruturas e falta de controle interno."
Ele ainda afirma que quem assume essas pastas precisa ter interesse em combater fraudes. "Quando não tem controle é impossível evitar desvios", conclui.
A Prefeitura de São Paulo esclareceu, por meio de nota, que a imensa maioria dos servidores públicos municipais trabalha com dedicação e seriedade, como inclusive reconheceu o ex-controlador Guilherme Mendes em outras entrevistas.
Todas as denúncias de corrupção ou irregularidades são investigadas com máximo rigor, e que o novo controlador Gustavo Ungaro é um dos especialistas mais conceituados em controle interno do país "ele assume o órgão com a missão de aprofundar o bom trabalho que vem sendo feito".
Posse conturbada
Guilherme Mendes foi nomeado, depois que o ex-prefeito João Doria (PSDB) demitiu controladora que investigava "máfia da Cidade Limpa", a procuradora Laura Armando Mendes de Barros.
Na época o então secretário municipal de Justiça Anderson Pomini negou a existência de insatisfação com o trabalho de Laura ou com o rumos das investigações. "A equipe que foi constituída na gestão [do ex-prefeito Fernando Haddad] é a que continua capitaneando os trabalhos da controladoria. Agora, passados oito meses, a gestão entendeu por bem atualizar e incorporar membros desta gestão", afirmou.