Prefeitura vai montar balcão de reclamações para moradores e comerciantes da região da Cracolândia
Segundo secretário, projeto deve começar a funcionar nesta terça-feira (30)
São Paulo|Gustavo Basso, do R7

Membros do Conselho Nacional de Direitos Humanos visitaram na manhã desta segunda-feira (29) a região central de São Paulo conhecida como Cracolândia. A missão, que foi acompanhada de orgãos municipais e estaduais de atendimento à população de rua ou dependentes, buscou reunir informações sobre possíveis violações durante e após a megaoperação policial do domingo passado.
Um dos pontos de crítica da equipe é o programa Redenção, da prefeitura de São Paulo e que substitui o De Braços Abertos, criado pelo ex-prefeito Fernando Haddad. Em roda de conversa com o secretário-adjunto de Governo, Orlando Faria, o membro da mesa diretora do Conselho Nacional de Direitos Humanos Leonardo Pinho criticou a falta de marco legal do programa, apesar de já contar com identidade visual e ação há uma semana.
Diante de reclamações de moradores e comerciantes, como as expostas pelo R7 na última quarta-feira (24), Faria se comprometeu a montar um balcão de atendimento para receber as reclamações dessa população afetada. Segundo o secretário-adjunto, o balcão será montado até terça-feira (30).
Fabiana Severo, defensora pública federal e vice-presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos comenta sobre negociações com a gestão Doria.
— Percebemos que desde o começo desta gestão não há diálogo com as redes de apoio a moradores de rua.
Após conversarem com a enfermeira responsável pelo novo Caps (Centro de Atenção Psicossocial) montado na rua Helvetia, o grupo entrou na praça Princesa Isabel, onde hoje se concentram cerca de 500 pessoas, entre usuários, moradores de rua e traficantes de drogas, no que é conhecido como fluxo.
O vereador Eduardo Suplicy (PT) e o deputado federal Paulo Teixeira, representante da comissão de Direitos Humanos da Câmara, aproveitaram uma caixa de som para cantar hits de Adoniran Barbosa, acompanhados por alguns usuários. Ambos saíram do local com a intenção de fazer um show na praça hoje ocupada.
A reportagem do R7 conversou com Rose, que contou ser usuária de cocaína, faz programa na estação da Luz e mora em casa própria na Casa Verde. Se divertindo com a apresentação dos parlamentares, Rose ressaltou o caráter destrutivo do crack.
— Eu uso a droga todo dia, mas me mantenho limpa, sã. A cocaína te faz comunicativa, o crack te deixa assim.
Questionada sobre a ausência de marco legal e da falta de diálogo com redes de apoio a moradores de rua, a Prefeitura afirmou em nota: "A ação policial na região da Luz foi executada para coibir os graves crimes de desrespeito aos Direitos Humanos praticados pelos traficantes de drogas no local, como a exploração sexual de mulheres, sequestro, tortura e morte de quem não respeitava as regras impostas pelo tráfico. A Prefeitura ajustou os prazos do projeto Redenção para atender os dependentes químicos. Durante o final de semana foram feitas 1.160 abordagens na região, das quais 550 aceitaram encaminhamento. Até o momento 59 pessoas foram internadas voluntariamente. O pedido feito à Justiça é somente para casos críticos e exceções."
Enquanto a missão da CNDH e Orlando Faria conversavam, uma moradora do hotel Cicero, na esquina da rua Helvetia com a alameda Dino Bueno e lacrado desde segunda-feira passada, se aproximou para contar seu problema. Kate Vilela diz que todos seus pertences estão presos dentro do imóvel, incluindo documentos, desde que todos os moradores foram retirados do hotel. A história é confirmada por Rubens'Passarinho', porteiro do hotel. Segundo ele, apesar do adesivo de "interditado defesa civil" na parede montada diante da porta, não foi o orgão quem decidiu pelo fechamento.
O R7 realizou um debate sobre a internação forçada de usuários de crack. Veja abaixo: