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Professores de escolas públicas em SP denunciam diretores por assédio moral

Desde o ataque à escola que vitimou uma professora, os docentes perceberam aumento dos casos de violência entre alunos

São Paulo|Augusta Ramos e Luan Leão, da Agência Record

Escolas registram aumento de violência após ataque à escola
Escolas registram aumento de violência após ataque à escola

Professores da rede estadual de educação de São Paulo tem denunciado diretores por assédio moral. Os casos vão desde exposição a situações humilhantes até o acumulo de funções. Os docentes também apontam para o aumento de casos de violência entre alunos desde a morte da professora Elizabeth Tenreiro, que morreu durante ataque à Escola Estadual Thomazia Montoro, em 27 de março.

De acordo com o professor André Sapanos, membro da APEOESP (Sindicato dos Professores de Ensino Oficial do Estado de São Paulo), desde a implementação de escolas PEI's (Programa de Ensino Integral) cresceram as denúncias de assédio de gestores com relação aos professores.

Sapanos conta que essas escolas trabalham com entregas e metas elevadas, sem prestar qualquer tipo de apoio e suporte psicológico aos professores para a realização dos projetos.

O professor também destaca que o ensino médio em escolas PEI's encara uma realidade de salas vazias, já que muitos alunos saem das unidades - com aulas no período da manhã e da tarde - para escolas regulares, pois muitos precisam conciliar os estudos com o trabalho. Por essa razão, não conseguem aproveitar as escolas com ensino integral.


Esse movimento por parte dos alunos causa uma superlotação nas salas de aula de escolas regulares - de apenas um período-, o que também acarreta um desgaste maior por parte dos docentes.

Em relação às denúncias de assédio moral, um caso em específico chamou a atenção da APEOESP. Uma diretora de escola teria proibido os professores de usarem roupas que mostrasse os ombros, mesmo com o uso dos aventais. Os professores que descumprem essa determinação são notificados.


Além deste caso, Sapanos ressalta outros episódios em que os diretores, de forma reiterada, adotam como prática a exposição a situações humilhantes dos professores com críticas ao desempenho no trabalho.

Violência

Desde a última semana, após o ataque à Escola Estadual Thomázia Montoro, os professores também relatam o aumento de alunos com objetos cortantes e armas de brinquedo dentro das salas de aula ou dependências das escolas. Além disso, cresceram os relatos de brigas em portas de escola.


Segundo psicólogas ouvidas pelo R7, o acesso sem controle às imagens do circuito de segurança do ataque — que vitimou a professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, e deixou quatro pessoas feridas — pode estimular jovens a planejarem e a praticarem atos de violência similares. Esse fenômeno é conhecido como “efeito contágio”.

Acúmulo de funções

Com todos esses casos, Sapanos pontua que por diversas vezes os professores precisam desempenhar funções de conselheiros tutelares, psicológos, e outras, em conjunto com as funções normais, causando acúmulo de atividades e esgotamento mental dos profissionais.

O UDEMO (Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado de São Paulo) diz, em nota, que é "radicalmente contra todo e qualquer tipo de assédio, principalmente nas escolas".

O sindicato ainda alerta que os governos "não têm colaborado para que as escolas sejam um ambiente saudável de convivência", mas que ainda sim, isso não justifica nenhum tipo de assédio.

Questionada, a SEDUC (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo) respondeu que não compactua com desvios de conduta ou qualquer prática que não esteja condizente com as premissas da educação. 

A SEDUC também informou que todos os casos são apurados pelas Diretorias de Ensino, reforçando que a pasta e a ouvidoria estão à disposição dos servidores que desejarem formalizar qualquer tipo de insatisfação.

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