Reconstituição confrontará versões sobre morte de família no ABC
Cinco suspeitos presos serão levados à casa das vítimas e depois ao local onde os corpos foram encontrados. Pela primeira vez, eles ficarão frente a frente
São Paulo|Do R7, com informações da Agência Record e Agência Estado
A polícia realiza nesta quinta-feira (12) uma reconstituição para esclarecer divergências entre as versões apresentadas pelos cinco presos suspeitos de participar do crime que resultou na morte da família Gonçalves no ABC Paulista.
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Ainda é necessário esclarecer a exata participação de cada um dos suspeitos em cada momento do crime e descobrir como as três vítimas foram mortas, por quem e em que momento. Os suspeitos admitem atuação no caso, mas negam participação direta nos assassinatos do casal Romuyuki e Flaviana Gonçalves, de 43 e 40 anos, e do filho mais novo deles, Juan Gonçalves, de 15.
Os cinco suspeitos presos são a filha mais velha do casal, Anaflávia Gonçalves, de 24 anos, a mulher dela, Carina Ramos, de 31, além dos irmãos Juliano de Oliveira Ramos Jr., de 22 anos, e Jonathan Fagundes Ramos, de 23 anos, e do jovem Guilherme Ramos da Silva, de 19 anos, vizinho dos dois rapazes.
A polícia acredita que o crime foi premeditado. Os suspeitos admitem participação no crime, mas negam envolvimento direto nos assassinatos.
Passo a passo
Os cinco presos serão recolhidos por volta das 9h e encaminhados ao COI (Centro de Operações Integradas) de São Bernardo do Campo, onde o delegado deve confirmar com cada um dos envolvidos a participação na reconstituição. Em seguida, seguirão em comboio, com os suspeitos em carros separados, até o condomínio da família, em Santo André.
Um detido entrará na casa por vez e dará sua versão do caso. Por último, todos devem ficar juntos na residência para a polícia conferir divergência nos depoimentos.
Finalizada a etapa da reconstituição dentro da casa, todos seguirão até a estrada do Montanhão, em São Bernardo do Campo, onde os corpos das vítimas foram encontrados carbonizados. O mesmo procedimento será adotado. A perícia acompanhará a reconstituição, realizando as marcações. Após a conclusão, os detidos serão encaminhados novamente ao CDP (Centro de Detenção Provisória).
Contradições
Anaflávia e Carina foram consideradas suspeitas pela polícia desde o primeiro dia da investigação. Em um primeiro depoimento, elas disseram que a família estaria devendo dinheiro a um agiota e o homem seria o possível mandante do crime, mas acabaram caindo em contradição e tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça. Durante novo interrogatório, Carina mudou a versão. À polícia, disse que estava na casa dos sogros quando três indivíduos armados entraram e renderam a família. Também afirmou que um dos criminosos seria o seu primo Juliano.
Embora não tenha acreditado plenamente no depoimento, o delegado solicitou à Justiça a prisão de Juliano. Após ser detido, o jovem prestou um depoimento que revirou a investigação. Juliano contou que todos tinham planejado juntos o crime e que Anaflávia e Carina participaram ativamente de toda a ação.
Segundo ele, o grupo entrou no condomínio escondido no carro de Anaflávia, um Fiat Palio, depois de seguir o Opala em que estavam Romuyuki e Juan Victor. Já Carina passou a pé pela portaria social, conforme mostram as câmeras de segurança. Eram 20h09, horário que já não havia mais porteiro no local.
Uma vez na casa, os três rapazes simularam ter dominado Anaflávia e Carina. Depois dominaram o pai e o filho e passaram a exigir a senha do cofre da casa, onde pensaram que haveria R$ 85 mil. Como nenhum dos dois sabia, foram torturados a pancadas e asfixiados com um saco plástico, segundo Juliano.
Ao chegar à residência, a mãe, Flaviana, entrou em desespero e abriu o cofre. O dinheiro não estava lá. Pela versão de Juliano, Anaflávia e Carina autorizaram então as mortes dos três. A filha do casal teria concordado em executar os pais por causa de uma suposta herança de seguro de vida.
Depois do depoimento de Juliano, Carina e Anaflávia prestaram novo depoimento em que, segundo a polícia, fizeram uma confissão parcial. As duas admitiram o assalto, mas alegaram que a ação saiu do controle. Segundo elas, a condição era de que o roubo não envolvesse violência física ou xingamentos. A versão é a mesma adotada pela defesa do quinto preso. "O Guilherme jura de pés juntos que a ideia era só o roubo e não participou das mortes", diz José Gomes, advogado do rapaz. Guilherme prestou um segundo depoimento nesta quarta-feira (11). Ao contrário da primeira vez em que foi ouvido, estava acompanhado de um advogado.