Redução da letalidade policial "não é obrigatoriedade", diz Doria
Dados divulgados pela polícia nesta sexta, em coletiva com o governador, apontam para queda de mortes por policiais militares no ano
São Paulo|Márcio Pinho, do R7
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou em entrevista coletiva nesta sexta-feira (27) que a redução da letalidade policial no estado “pode acontecer, mas não é obrigatoriedade”.
A afirmação ocorre no ano em que as mortes em decorrência da ação policial alcançaram números expressivos no primeiro semestre, mas que no acumulado até setembro apresentam queda, segundo o governador.
De acordo com o coronel Marcelo Vieira Salles, comandante da Polícia Militar, foram 31 casos registrados como morte decorrente de intervenção de policiais militares em setembro, 44% menos que as 55 registradas no mesmo mês do ano passado. No ano, a queda é de 21% - de 642 para 506 casos.
Leia também
Os dados foram divulgados em entrevista coletiva na qual o governador e a cúpula da Segurança Pública comentaram os últimos dados da criminalidade do estado, divulgados na quarta-feira (25), e que indicam taxa de 6,25 homicídios por 100 mil habitantes em agosto, a menor desde o início das medições, no final dos anos 90.
"A redução de letalidade pode acontecer, mas não é uma obrigatoriedade, porque a polícia de São Paulo tem uma orientação clara de obediência aos protocolos, que é o uso progressivo da força. Nós não vamos ao uso máximo da força, seguimos os protocolos. Mas São Paulo, dentro de sua dimensão, tem 45 milhões de habitantes, é o estado que tem o maior números de presos", disse.
O governador voltou a repetir um bordão bastante usado na campanha eleitoral, de que prefere que o criminoso que não quiser se entregar vá para o cemitério no lugar do policial. Mas ressaltou que o objetivo é usar a inteligência. “Nós somos legalistas e somos da paz. O objetivo não é o uso da violência, mas da inteligência”, disse.
Doria negou por exemplo que tenha havido excessos na ação policial decorrente do assalto de Guararema. Onze pessoas foram mortas pela Rota no dia 4 de abril, após uma tentativa de roubo a banco. Naquele mês, os PMs mataram 70 pessoas, um recorde para abril no século.
Segundo o comandante Salles, o objetivo da polícia não é matar e todos os casos são investigados amplamente. Ele avalia que a queda da letalidade policial se dá porque o “infrator da lei resolveu se entregar. “A polícia militar atuou e não houve reação. Ninguém tem por objetivo a morte.”