Resumindo a Notícia
- Falta de itens básicos como tubos, luvas e gaze levou ao cancelamento de cirurgias
- Médicos residentes denunciam que a ausência de insumos se agravou no último mês
- Categoria entrou em greve e apenas 30% dos funcionários vão trabalhar
- Direção do hospital afirma que gastos com pacientes graves de covid-19 cresceram
Médicos residentes entram em greve por falta de insumos e remédios no Hospital São Paulo
DivulgaçãoMédicos residentes do Centro Médico do Hospital São Paulo, na zona sul da capital paulista, denunciam crise de abastecimento de insumos e medicamentos na unidade e anunciaram greve a partir desta terça-feira (9).
O atendimento de urgências e emergências não será paralisado, mas somente 30% dos funcionários vão trabalhar.
Segundo uma denunciantes, que é médica residente, o hospital está há meses com falta de insumos, mas o quadro se agravou no último mês. Faltam itens quimioterápicos, para tratamento de pacientes com câncer, até os mais básicos, como os antibióticos, álcool, luvas, tubos para exames, gaze e até papel toalha.
De acordo com outro médico residente que não quis ser identificado, a falta de insumos fez com que cirurgias fossem canceladas. Pacientes que aguardavam o procedimento há meses foram avisados de última hora que a cirurgia não seria realizada na data.
A equipe da clínica médica entregou uma carta à diretoria do hospital comunicando a situação, que levou à greve. No dia 30 de novembro, a direção já havia sido notificada pela categoria.
Direção do hospital afirma que gastos aumentaram com os pacientes graves de covid-19
Divulgação / SPDMNo documento enviado ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) na sexta-feira (5), os residentes detalham o agravamento da situação. "No momento, além dos medicamentos e exames, não dispomos de materiais essenciais como luva de procedimento, luva estéril, tubo para coleta de exames, fita reagente para exame de urina, sonda nasoenteral, entre outros".
Os residentes afirmam que a falta de insumos é corriqueira: "Há meses convivemos diariamente com falta de exames laboratoriais simples, medicamentos básicos para atendimentos de baixa complexidade (antieméticos, antibióticos) e de alta complexidade (drogas vasoativas, sedativos eanalgésicos potentes)".
O agravamento da crise levou à suspensão das atividades enquanto a situação persistir na unidade hospitalar.
Residentes afirmam que faltam remédios básicos e insumos para trabalhar
Reprodução / Produção BGMOs profissionais elaboraram uma lista, em PDF, que contém todos os insumos em falta. São cinco categorias: medicamentos, outros, exames laboratoriais, manutenção e quimioterápicos, que somam 71 itens.
De acordo com a médica, o hospital ampliou o número de funcionários, UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e enfermaria para atender a demanda de covid-19. O dinheiro investido no começo da pandemia não foi o mesmo nos meses seguintes, ainda que a demanda de pacientes não tenha diminuído.
Por isso, aproximadamente 90 profissionais residentes do Hospital São Paulo pretendem entrar em greve a partir desta terça. O intuito é chamar a atenção para a escassez de insumos no hospital.
Em nota, o Hospital São Paulo - Hospital Universitário da Unifesp, esclareceu que, com a pandemia, a unidade se tornou referência preferencialmente para a covid-19 e "atende a um grande volume de pacientes graves, que geraram maiores custos, que não estavam previstos".
A instituição disse também que o pronto-socorro da unidade permaneceu aberto à população, atendendo a mil pessoas por dia, em média, e solicitou que os médicos residentes mantenham as atividades.
Segundo o hospital, "a unidade recebeu no 1º semestre de 2020 incentivos fiscais, recursos públicos e doações devido à pandemia, que permitiram o custeio das atividades, mas infelizmente não se mantiveram no segundo semestre".
A instituição afirmou que o Conselho Estratégico e a Diretoria Executiva trabalham para solucionar a falta de insumos críticos, ocasionada pelo aumento no número de atendimentos e internações e garantiu que "parte dos itens em falta são substituídos por similares e os demais estão em processo de aquisição emergencial, sendo que existe a previsão de normalização mínima dos estoques em até 48 horas".