Santo André e Mauá (SP) não vão retomar aulas presenciais este ano
Decisão tem como base pesquisa com pais e responsáveis pelas crianças que estudam na rede municipal. Mais de 90% defendem retorno após pandemia
São Paulo|Do R7, com informações da Agência Record
As cidades de Santo André e Mauá, no ABC Paulista, decidiram não retomar neste ano as aulas presenciais na rede municipal de ensino por causa da pandemia do novo coronavírus. Os anúncios foram feitos pelas prefeituras.
Santo André informou que a decisão do prefeito Paulo Serra foi baseada no pedido de pais de alunos, uma vez que uma pesquisa feita pela administração municipal mostrou que 94% dos responsáveis são contra o retorno das atividades em meio à pandemia.
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O levantamento foi feito com pais e responsáveis por alunos de creches e Emeiefs (Escolas Municipais de Educação Infantil e Ensino Fundamental) de Santo André. A pesquisa ouviu 21.319 pessoas.
A prefeitura avaliou que, neste momento, a presença das crianças nas escolas aumentaria as chances de disseminação do coronavírus, colocando em risco não só a vida dos alunos, mas dos responsáveis pelos estudantes, dos educadores e profissionais que atuam nas unidades escolares, principalmente daqueles que fazem parte do grupo de risco.
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"Ainda não há por parte dos pais e mães segurança no retorno das aulas presenciais. Estamos criando ferramentas para que as alunos possam ter acesso ao conteúdo pedagógico, sem a necessidade de presença em sala", afirmou o prefeito Paulo Serra.
Até agora, os alunos têm educação à distância, por meio de atividades online ou impressas de acordo com a realidade de cada aluno e de cada região onde a escola está inserida. A prefeitura diz que a Secretaria de Educação está preparando plano para "aperfeiçoamento dos processos e ferramentas pedagógicas que propiciem melhores resultados no processo educativo".
A secretária municipal de Educação, Zane Macchi, justificou: "O ambiente escolar tem peculiaridades que dificultariam muito o cumprimento dos protocolos que garantiriam a saúde de todos, principalmente na faixa etária que é atendida pelo município, entre 0 e 10 anos, além da EJA. Com as crianças menores há uma dificuldade muito maior na observância aos protocolos".
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Pesquisa
Para realizar a consulta, as escolas encaminharam um questionário online para as famílias. As que não possuem acesso à internet foram entrevistadas ou receberam o formulário em papel. Os responsáveis tiveram 10 dias para entregar as respostas.
No caso dos pais de estudantes das Emeiefs, que atendem crianças de 4 a 10 anos, 95% disseram que não são favoráveis ao retorno imediato das aulas presenciais, sendo que 49% dos entrevistados opinaram que a melhor opção seria retorno apenas no ano que vem, 27% querem volta das atividades somente após o fim da pandemia e 19% apenas quando houver vacina contra o coronavírus. Do total de entrevistados, 5% defenderam retorno imediato das atividades em sala de aula.
Entre os responsáveis por alunos de creches, que atendem crianças de 0 a 3 anos, cerca de 93% são contrários ao retorno das aulas presenciais, sendo que 51% declaram preferir que as aulas voltem em 2021 e 28% somente após o fim da pandemia. Quando houver a vacina foi a escolha de 14% e apenas 7% disseram que voltariam a qualquer momento.
Mauá
O prefeito de Mauá, Atila Jacomussi, fez o anúncio do não retorno das aulas presenciais em 2020 durante uma transmissão ao vivo em uma rede social.
Em 24 de julho, o governador João Doria anunciou que as aulas presenciais devem voltar a partir de 8 de setembro, em sistema de rodízio. Na primeira etapa, até 35% dos alunos poderão voltar às aulas presenciais, respeitando o distanciamento de 1,5 metro.
Atila Jacomussi ressaltou que a rede municipal atende alunos de 0 a 5 anos. Além da exposição das crianças, há o risco de contaminação dos pais e avós dos alunos, professores, merendeiras e outros profissionais que trabalham nas escolas. Segundo o último boletim, há 1.900 casos confirmados de covid-19 e 198 óbitos pela doença em Mauá.