'Se tiver greve, vamos exigir o pagamento da multa', diz prefeito sobre paralisação de ônibus
Motoristas suspenderam greve anunciada para esta segunda-feira (6). Reunião marcada para terça (7) discutirá nova proposta
São Paulo|Fabíola Perez, do R7
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, afirmou, durante entrevista exclusiva que concedeu ao R7, que, em caso de greve dos motoristas de ônibus da cidade, serão aplicadas multas e haverá responsabilização pelos impactos gerados à população da capital paulista.
“Se não cumprirem a determinação judicial, vamos exigir o cumprimento do pagamento da multa e a responsabilização pelos transtornos que eventualmente vão trazer”, disse ele. “A frota vai ter que circular, se eles estão querendo fazer esse enfrentamento com a prefeitura não vai ser bom”.
Na sexta-feira (3), os motoristas de ônibus suspenderam a greve que estava marcada para a madrugada desta segunda-feira (6) na cidade. A decisão veio após uma reunião realizada na sede do Tribunal Regional do Trabalho, da qual participaram o Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas de Ônibus), o SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros) e a SPTrans, da Prefeitura de São Paulo.
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Uma nova reunião entre as partes deverá ocorrer na terça-feira (7), na qual será apresentada uma proposta de acordo. Segundo a prefeitura, existe o compromisso de que não haverá paralisações sem que o TRT seja informado antes. “Entramos com uma ação e conseguimos uma liminar em que a Justiça determinou que mantenham 80% da frota no horário de pico e 60% nos demais horários, sob uma pena de R$ 50 mil por dia”, disse Nunes.
Segundo o prefeito, a negociação salarial compete às empresas de transporte coletivo urbano de passageiros e aos sindicatos. “A prefeitura não participa disso, mas precisa manter os serviços essenciais funcionando, por isso entramos com a ação na Justiça”, explicou Nunes. “Como prefeito, preciso fazer de tudo para que se evite qualquer tipo de transtorno.”
Entre os pedidos dos trabalhadores que motivaram a greve, estão o reajuste salarial de 12,47% mais aumento real, fim da hora de almoço não remunerada, participação nos lucros (PLR), fim do desconto no vale-refeição quando os trabalhadores entregam atestado médico e melhorias no plano de saúde.
“O sindicato tem o direito de requerer a defesa de seus associados, sobre a questão salarial e condições de trabalho”, disse o prefeito. “Mas, quando falamos de transporte coletivo, falamos do direito de as pessoas trabalharem, se locomoverem, de saúde, da pandemia. É preciso que eles tenham responsabilidade em relação aos seus atos, em relação a cidade como um todo.”
Após anunciar a suspensão da greve, o Sindicato dos Motoristas afirmou, por meio de nota, que o objetivo não é afetar a população. “Nos preocupamos e não temos o menor interesse em prejudicar a população, mas também não podemos deixar de defender os interesses da categoria. Se as negociações não avançarem, a greve vai acontecer”, declarou a entidade.
“A SPTrans espera que o acordo seja cumprido e ressalta que a decisão liminar segue válida. A empresa continuará acompanhando as negociações trabalhistas entre os operadores de ônibus e as empresas concessionárias e espera que haja entendimento entre as partes, para que a população de São Paulo não seja prejudicada”, informou o órgão.