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Seca em São Paulo é a pior em 65 anos, diz meteorologista 

Com 115 dias praticamente sem chuva, período é considerado o mais seco desde 1963. Previsão é de frente fria e chuva nos últimos dias do mês

São Paulo|Márcio Neves e Ugo Sartori, do R7

Foram 42 dias consecutivos sem chuvas, segundo o Inmet
Foram 42 dias consecutivos sem chuvas, segundo o Inmet

A cidade de São Paulo enfrenta um período de seca considerado um das mais severos dos últimos 55 anos. A cidade está há 115 dias quase sem registro de chuvas — ocorreram registros de chuviscos apenas em 13 dias no período. "O que ocorre este ano é algo muito excepcional e só comparável a dois anos na década de 60 do século passado", afirma a metereologista Josélia Pegorim, da Climatempo Metereologia.

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Este "quase sem registro de chuvas" acontece porque, entre os dias 1º de abril e 25 de julho, o pluviômetro (equipamento que mede a quantidade de chuva) do Inmet(Instituto Nacional de Meteorologia) instalado no Mirante de Santana, na zona norte de São Paulo, acumulou aproximadamente 52 mm de chuva. "Uma quantidade irrisória, que representa apenas 20% da média de chuva para todo o período de abril a julho", explica Josélia.

Nesses dias com alguma chuva registrada aconteceram chuviscos provocados pela passagem de frentes frias, como a que ocorreu no sábado (21). "A maioria da população nem viu a chuva", afirma a metereologista.


O Inmet considera período de chuva apenas precipitações que acumulam mais de 1 mm de água em 24 horas. Para o período de 1961 a 2018, o maior período consecutivo de dias sem chuva significativa ocorreu entre 11 de junho e 21 de agosto de 1985, quando a cidade de São Paulo teve 78 dias consecutivos de seca. Usando o mesmo critério, número de dias consecutivos sem chuva acima de 1 mm, a cidade teve em 2018 42 dias entre 14 de junho e 15 de julho.

Apesar do longo período de seca, a metereologista da Climatempo alerta que existe uma expectativa de chuva nos últimos dias de julho, com a chegada de uma frente fria. "Esta chuva pode até cair de moderada a forte intensidade em alguns locais da cidade", afirma Josélia Pegorim.


Entenda a falta de chuva em São Paulo 

O Estado de São Paulo e todo o Centro-Sul do Brasil sofre com a chuva escassa desde abril. A falta de chuva é explicada por uma circulação de ventos quentes nos níveis elevados da atmosfera, cerca de 10 km acima da superfície, e da temperatura mais quente da água do oceano Atlântico. Esses ventos quentes começaram a concentrar sobre a América do Sul desde abril, mas se intensificaram em meados de junho. 

Os ventos quentes bloqueiam os ventos frios que avançam da Antártica para a América do Sul, que normalmente correm na mesma altitude, fazendo um bloqueio das correntes de ar frio e deixando o tempo predominantemente seco. Junto com a água mais quente dos oceanos, a frente fria, que já tinha dificuldade de passar, acaba sendo desviada para o mar e perdendo força para trazer algum frescor ao continente.

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